EUA ameaçam pagar para empresas repatriarem produção da China

O assessor econômico do presidente Donald Trump disse ontem que a China está cometendo “um grande erro” com a pretendida legislação de segurança nacional sobre Hong Kong, e prometeu que Washington pagará as despesas de empresas americanas que queiram transferir operações do território ou da China. 

Na Casa Branca, a porta-voz Kayleigh McEnany disse, numa sessão de informes, que Trump está irritado com Pequim devido à lei de segurança e que considera “difícil de entender como Hong Kong poderá continuar sendo um centro financeiro se a China assumir o controle”.

Questionado se isso significaria que Washington poderá pôr fim ao tratamento econômico especial que proporciona a Hong Kong e que permitiu ao território manter sua posição como um centro financeiro mundial, McEnany disse não ter qualquer anúncio adicional a fazer quanto à medida exata a ser tomada. 

O Parlamento da China deverá aprovar amanhã a lei de segurança proposta por Pequim que, se sancionada, reduzirá o status jurídico distinto de Hong Kong. 

Falando à TV Fox News, Larry Kudlow, o assessor econômico de Trump, qualificou as medidas de Pequim como “muito perturbadoras”. “A China está cometendo um grande erro, francamente”, disse ele paralelamente à Fox Business Network. Kudlow afirmou que Washington daria as boas-vindas a qualquer empresa americana procedente de Hong Kong ou da China continental. “Faremos o que pudermos para arcar integralmente com as despesas e pagar o custo da mudança se elas trouxerem suas cadeias de suprimentos e sua produção de volta para os EUA”, disse. 

As autoridades do governo Trump e os parlamentares têm examinado maneiras de estimular empresas americanas a transferir as cadeias de suprimentos de produtos e matérias-primas decisivos da China para os EUA, em meio ao agravamento sistemático dos laços e às ácidas recriminações mútuas em torno da pandemia do coronavírus, que teve início na China. Entre as propostas discutidas até agora estão benefícios fiscais, subsídios entre os quais um potencial “fundo de repatriamento” de US$ 25 bilhões e novas regras de conteúdo local. 

O secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, que deverá liberar uma avaliação determinada pelo Congresso sobre se Hong Kong goza de autonomia suficiente para justificar a manutenção do tratamento econômico especial, disse na semana passada que a legislação seria o “dobre de finados” da autonomia do território. Se o Departamento de Estado retirar o status do território, caberá a Trump decidir se porá fim a alguns, a todos ou a nenhum dos privilégios atualmente usufruídos por Hong Kong. 

Trump advertiu para uma reação forte, e o assessor de segurança nacional americano, Robert O’Brien, disse que a lei poderá levar à adoção de sanções pelos EUA e ameaçar o status de Hong Kong como centro financeiro. 

Kudlow também disse que, embora o acordo comercial de fase 1 de Trump com a China fechado em janeiro esteja intacto por enquanto, o presidente estaria tão  “nervoso” com Pequim em torno do novo coronavírus e de outras questões que o acordo já não seria mais tão importante para ele como era no passado. 

A Câmara de Comércio, entidade empresarial, conclamou Pequim a conter a escalada da situação, afirmando que pode ser “um erro grave” pôr em xeque o status especial de Hong Kong 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2020/05/27/eua-ameacam-pagar-para-empresas-repatriarem-producao-da-china.ghtml

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