A rua voltou a ser interessante. Como tema de pesquisa na universidade, como assunto para diferentes “ensaios”, e também como o lugar em que não só a “mãe, a namorada ou o professor reclamam de você” mas, principalmente aquele espaço em que “você estranha em você mesmo”. As diferentes interpretações deste espaço viraram um livro, “Eu e o outro na cidade” do professor Pedro de Santi, líder de área de Humanidades e Direito e professor da ESPM.
O lançamento do livro, no auditório Castelo Branco, foi ponto de partida para eventos em 18 e 19 de outubro, com apresentação de trabalhos de alunos e de professores das áreas de Humanidades, Direito e Comunicação e Artes organizados em torno de questões de identidade, alteridade, tolerância, diversidade. Os eventos incluíram também exposição de painéis dos alunos na biblioteca, leituras dramáticas e oficinas de arte.
No lançamento do livro , que emprestou o título para o evento, “Eu e o outro na cidade”, o professor Pedro lembrou que na rua estão tanto a “internet, ampla, absoluta, como a vontade de ser ativista”. Com tudo que esta palavra implica ou sugere. É curioso, mas estar na rua, como também lembrou o autor, mistura “o eterno e o efêmero”, no sentido da atraente confusão entre o que eu quero agora , já, e como eu quero ser lembrado. E por quanto tempo quero ser lembrado pelo que faço na rua.
Como ponderou o professor Pedro, exatamente como acontece na lógica da internet, “eterna e efêmera”, o livro apresentou um conjunto de ensaios. Outro aviso do autor: como insistiu Montaigne, “só ensaia quem não sabe e como eu não sei eu ensaio”. É sempre bom lembrar que que quem ensaia é porque tolera o pensamento do outro. Sem nunca esquecer que é no espaço público – ou seja na rua – que fica mais visível a obrigação de se conviver com quem não se concorda. E , principalmente, respeita-lo.
Tolerância e diversidade tem uma estética própria. Esta estética , aliás, está na concepção da capa do livro, pensada a partir de pintura de Ana Lucia Lupinacci- diretora do curso de Design. No lançamento, a professora Ana contou que pediu para ler o livro e dessa leitura nasceu a pintura que deu origem a capa. Na fala da professora, também apareceu interessante depoimento sobre a trajetória vivida pelo “exercício da mão, do gesto, que é diferente da composição gráfica”, que fica bem presente na capa de livro, resumindo a imagem da cidade que acolhe diferentes identidades.
Mas, na cidade não se discute o que se vê? Como isso é bem real, o professor João Matta, apresentou o resultado de seu grupo de discussão “Vidas em série, séries da vida”, sobre o mundo novo de ilusão e conhecimento oferecido pelas “Netflix da vida”. Com absoluta diversidade temática, que incluiu temas como o da Ciências Sociais na contemporaneidade, com o professor Carlos Frederico Lucio, Imaginário do Outro, com o professor Guilherme Mirage Umeda ou Redesconstruindo Eu, com a professora Clarissa Sanfelice Rahmeier. Ou, a intervenção do professor Andrey Mendonça, sobre a sala de aula como espaço do “medo e da intolerância”, publicada também hoje no NotaAlta. Entre outros, vários outros temas. A íntegra desta programação está disponível no Fala Professor, neste blog, do dia 17 de outubro.