A notícia assustou mais do que surpreendeu. A empresa China National Chemical Corp (ChemChina) vai comprar a Pirelli, quinta maior fabricante de pneus do mundo, em um acordo de 7,1 bilhões de euros (US$ 7,7 bilhões) que colocará um dos símbolos da indústria italiana nas mãos de chineses.
O acordo acertado com os acionistas da Pirelli no domingo é o mais recente de uma série de aquisições na Itália por compradores chineses, que podem contar com a vantagem de um euro fraco no momento em que emergem sinais de que a Europa está saindo de uma estagnação econômica, como mostrou matéria do Estadão de 24/03, pg B11.
A oferta será lançada a 15 euros por ação, avaliando o grupo italiano em 7,1 bilhões de euros excluindo uma dívida líquida de quase 1 bilhão de euros ao final de 2014. A ChemChina também tem como objetivo tirar a Pirelli da bolsa de valores.
As ações da Pirelli fecharam acima do preço da oferta, a 15,5 euros, em alta de 1,77%, com alguns operadores citando expectativas de que a ChemChina seja obrigada a elevar sua proposta para atrair os atuais acionistas.
Se a operação for bem sucedida, a estatal ChemChina terá acesso à tecnologia para fabricar pneus premium, que podem ser vendidos com margens mais altas, e dará à firma italiana um impulso no imenso mercado chinês..
O negócio pode marcar a quinta maior aquisição internacional promovida por uma companhia estatal chinesa, segundo dados da agência de notícias Thomson Reuters, e a primeira aquisição desde que um consórcio liderado pela chinesa MMG comprou a gigante mina de cobre peruana Las Bambas da Glencore.
Sob os termos propostos, a unidade de fabricação de pneus da ChemChina, a China National Tire & Rubber formará uma joint venture para comprar primeiro os 26,2% que a holding italiana Camfin detém na Pirelli. Depois disso, a empresa lançará uma oferta de aquisição obrigatória pelo restante dos papéis do grupo italiano.
A oferta será lançada por um veículo controlado pelo grupo chinês e com participação de investidores da Camfin, que incluem o chefe da Pirelli, Marco Tronchetti Provera, os bancos italianos UniCredit e Intesa Sanpaolo e a russa Rosneft.
Os novos donos chineses da Pirelli vão escolher um novo presidente de Conselho da empresa enquanto Provera, que começou a trabalhar na companhia italiana em 1986 depois de entrar para a família fundadora da empresa, seguirá como presidente-executivo.