Em quase bate-boca, Obama desafia Romney sobre defesa dos EUA

A melhor defesa é mesmo o ataque. Foi exatamente o que fez o presidente Barack Obama, ontem à noite, no debate com o candidato republicano Mitt Romney, a apenas 14 dias das eleições presidenciais norteamericanas marcadas para o dia 6 de novembro.

O tema do último debate entre os dois era política externa, assunto que aparentemente não desperta muita atenção do eleitor médio do país. A julgar pela agressividade dos dois candidatos, não é bem isso que eles pensam: em tom de bate-boca, o desafiante Romney cobrava “outra estratégia para enfrentar o extremismo islâmico”; o presidente desqualificou os argumentos do oponente “com fatos” insistindo que a função do chefe  de Estado é manter os soldados americanos vivos e não começar novas guerras no Oriente Médio.

O comportamento de Obama neste debate foi bem diferente dos dois anteriores, especialmente do primeiro debate em Denver, em que deixou muito espaço para os ataques de Romney. O resultado também foi bem diferente: a pesquisa da CBS News realizada com eleitores indecisos no final do encontro apontou Obama como vencedor do debate em 53% dos entrevistados. Chamou atenção que Romney venceu para apenas 23% deles, porque 24% consideraram que ocorreu um empate.

Obama acumulava vantagem notória neste tema: a experiência de governo. E a usou bem, como reconheceram todos os analistas consultados. No início, Romeny tentou levar o presidente às cordas falando da “fragilidade” do governo em lidar com os desafios da área, lembrando da tragédia da Líbia, em que  4 diplomatas americanos morreram incluindo o embaixador. E insistindo que a Al-Qaeda “ainda representa ameaça para a América”. Obama usou a deixa para rebater em tom bem forte: “Fico contente em ouvi-lo dizer que a Al-Qaeda ainda é a maior ameaça aos EUA, porque há pouco você dizia que era a Rússia”. A partir deste momento, Obama tomou a iniciativa do encontro e controlou os ataques do adversário.

No debate da Flórida até mesmo o dramático episódio da Líbia ficou do tamanho que interessava a Obama. O presidente também queria que o problema nuclear do Irã tivesse “mais importância” e alcançou essa dimensão. Na questão China, Romney ficou com uma imagem mais belicista ao dizer que denunciaria Pequim por “manipulação da moeda” e “por roubar patentes americanas”.

Os dois candidatos procuraram ser os mais fieis possíveis aos seus estilos próprios no debate de Boca Raton na Flórida. Havia um clima de que este debate estaria centrado em um assunto que pouco interessa o eleitor, política externa e defesa dos EUA, porque este eleitor está mais preocupado com a crise econômica. A agressividade dos dois candidatos mostrou que não é bem desse modo: o americano médio é também especialmente preocupado com o uso que é feito pelo ocupante da Casa Branca de suas Forças Armadas.

No final, sobrou imagem mais moderna para Obama; Romney entrou em seara perigosa ao dizer que a frota marítima  é menor hoje do que em 1916. Obama foi ao ataque com ímpeto: “bom, governador, também temos menos cavalo e menos baioneta. A natureza das Forças Armadas mudou”.

Os resultados da pesquisa sobre o debate sugerem que a tática usada por Obama funcionou. A conferir no dia 6 de novembro nas urnas.

Comentários estão desabilitados para essa publicação