Em uma noite em que a política quase ofuscou as estrelas do cinema, Leonardo DiCaprio foi o grande destaque do Oscar 2016. Nem os seis prêmios conquistados por “Mad Max: Estrada da Fúria”, nem a estatueta de melhor filme para “Spotlight: Segredos Revelados”, conseguiram tirar o foco da conquista do ator, que finalmente levou para casa a estatueta de atuação por “O Regresso”, após outras cinco indicações (uma delas como produtor de “O Lobo de Wall Street”).
Leo foi ovacionado pela Academia e, em seu discurso, agradeceu não só à equipe do filme, mas a todos que tiveram papel determinante em sua carreira, desde o primeiro filme. O ator também fez questão de chamar atenção para as mudanças climáticas, uma das causas que apoia, que fez com que a equipe do filme tivesse que se mudar do Canadá para a Argentina para encontrar neve, como registrou matéria da Folha de 29/02.
“A mudança climática é real. Está acontecendo agora”, afirmou. “É a ameaça mais urgente à nossa espécie, e precisamos trabalhar coletivamente e parar de procrastinar. Precisamos apoiar os líderes do mundo todo que não falam pelos grandes poluidores e grandes corporações, mas que falam por toda a humanidade, pelos povos indígenas do mundo, pelos bilhões e bilhões de pessoas desamparadas que serão as mais afetadas por isso, pelos nossos netos, e por essas pessoas que tiveram suas vozes afogadas pela ganância política”, clamou.
Em número de prêmios, “Mad Max: Estrada da Fúria” foi o grande vencedor do Oscar 2016, com seis categorias, quase todas mais técnicas, incluindo montagem, figurino, design de produção e maquiagem e cabelo.
No entanto, o grande prêmio da noite, de melhor filme, ficou com “Spotlight: Segredos Revelados”, que corria por fora na disputa. O filme de Tom McCarthy venceu também como melhor roteiro original e já havia ganhado o prêmio do Sindicato dos Atores (SAG Awards), um dos termômetros da temporada pré-Oscar.
“O Regresso”
“O Regresso”, de Alejandro G. Iñarritú, que vinha ganhando favoritismo nas últimas semanas, ficou com os prêmios de melhor diretor, ator (DiCaprio) e fotografia. Foi a segunda vez seguida em que Iñarritú foi premiado (venceu em 2015 com “Birdman”) e o terceiro Oscar consecutivo para um diretor mexicano (Alfonso Cuarón venceu em 2014 com “Gravidade”).
Em seu discurso, o cineasta entrou no tema da diversidade, pedindo que a cor da pele não seja mais relevante. “Tenho muita sorte de estar aqui hoje, mas infelizmente muitos outros não tiveram a mesma sorte. Tem uma fala no filme em que Glass (DiCaprio) diz para seu filho mestiço: ‘Eles não te escutam, apenas veem a cor da sua pele’. Então, que maravilhosa oportunidade nossa geração tem de nos libertar de todo preconceito e desse pensamento tribal, e nos assegurar de uma vez por todas que a cor da pele seja tão irrelevante quanto o tamanho do nosso cabelo.”
Outro “injustiçado” que finalmente levou o prêmio foi o compositor Ennio Morricone, que foi aplaudido de pé por todo o Dolby Theatre ao receber o primeiro Oscar de sua carreira, por “Os 8 Odiados”, em sua sexta indicação. Conhecido pelas trilhas dos faroestes espaguete de Sergio Leone, como “Três Homens em Conflito”, o italiano havia recebido um Oscar honorário em 2007 pelo conjunto de sua obra. Muito emocionado, o compositor de 87 anos agradeceu em italiano a Quentin Tarantino pelo convite para participar do filme.