É verdade que jovem não lê jornal?

Jovens que cresceram habituados à internet têm menos interesse por notícias do que as gerações anteriores? Essa impressão pode ser falsa, como mostra recente pesquisa norte-americana do Media Insight Project, uma iniciativa do American Press Institute e da Associated Press-NORC Center for Public Affairs Research. O estudo indica que os jovens de 18 a 34 anos – a chamada geração Y ou geração do milênio (os Millenials) – consomem notícias de forma diferente, mas não há indicativos de que consumam menos. Ao contrário, os dados revelam, por exemplo, que 69% dos entrevistados acessam notícias diariamente e 45% dos jovens seguem cinco ou mais tópicos relativos a hardnews, como política e economia.

A pesquisa foi realizada entre dezembro de 2014 e janeiro de 2015, com 1.046 jovens americanos de 18 a 34 anos. O estudo combinou diferentes métodos de pesquisa, incluindo entrevistas em quatro cidades, acompanhamento de pequenos grupos e um levantamento quantitativo em todo o território norte-americano. A margem de erro da pesquisa é de 3,8%, para mais ou para menos, como mostrou matéria do Estadão de 20/03, pg A3.

A principal descoberta do estudo é a de que o consumo de notícias pelos jovens não é passivo nem aleatório, como habitualmente se imaginava. A geração Y tem uma atitude ativa na busca de notícias em fontes confiáveis. O estudo indica que a tecnologia tem ocasionado uma intensa mistura de diferentes tipos de acesso à notícia, quer seja intencional, quer seja aleatório. Por exemplo, os jovens descobrem as notícias ao acaso ou por indicação de amigos e, em seguida, saem em busca de outras fontes. Há um consumo dinâmico da notícia.

São bastante variados os motivos pelos quais os jovens buscam notícias – razões cívicas (74%), resolução de problemas (63%) e fatores sociais (67%), como, por exemplo, a indicação de amigos.

Outro aspecto habitualmente presumido – e que os resultados do Media Insight Project contestam – é o de que as redes sociais gerariam polarização, pois facilitariam aos jovens ficar em contato apenas com pessoas que pensam de forma semelhante. As redes sociais criariam uma espécie de bolha. Segundo a pesquisa, 75% dos entrevistados buscam habitualmente na internet pontos de vista diferentes dos seus.

Entre os entrevistados, 40% pagam por alguma forma de notícia, por assinatura ou compras pontuais. A pesquisa indica que a privacidade não gera grandes preocupações na geração Y – apenas pouco mais de metade fez alguma modificação na configuração-padrão de privacidade e apenas 2 entre 10 entrevistados se disseram muito preocupados com o tema.

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