Um em cada cinco brasileiros já comprou, ao menos uma vez, algum produto ou serviço na internet. O fato estimula a o movimento de abertura de startups, das empresas novas construídas a partir de uma ideia, quase sempre com o uso das redes. É um movimento na direção certa.
O comércio eletrônico brasileiro, como mostrou matéria do Estadão de hoje, página B14, faturou R$ 22,5 bilhões em 2012, 20% a mais do que no ano anterior. E o mais importante: ganhou 10,3 milhões de novos consumidores. A velocidade deste avanço foi revelada pela pesquisa Webshoppers, realizada pela consultoria E-bit, e confirma a maior confiança do consumidor no mundo virtual. Mas, também, indica a necessidade de maior amadurecimento do setor.
Esse amadurecimento começa pela necessidade de vencer alguns desafios. O primeiro deles é a “cultura” que se estabeleceu no setor. Desde o início dos anos 2000, com o aparecimento das maiores lojas virtuais, consolidou-se no Brasil a cultura do “frete grátis” e do parcelamento sem juros. Era uma tática eficiente para conquistar o consumidor. A prática continua comum, mas no longo prazo reduz muito a rentabilidade do setor. A pesquisa da E-bit mostrou a obrigação do mercado entender que entrega com data marcada “tem custo maior”. O exemplo mais citado para essa “obrigação” é sempre o norte-americano: a possibilidade do consumidor receber o produto no mesmo dia significa uma taxa fixa, cerca de US$ 8,99, mais US$ 0,99 por item adquirido.
Logística em operações de e-commerce pode representar barreira para consolidação da empresa e, quase sempre, pode afetar a reputação da marca. O forte crescimento do e-commerce, como mostrou a pesquisa, também provocou uma “reacomodação das empresas” que nasceram online, mas em pouco tempo, se equipararam a concorrentes que já estavam no comércio físico há muitos anos. Para ganhar escala de vendas, estas empresas usaram políticas agressivas de preço, entre elas a não cobrança de fretes, o que, na prática, equivalia a “compra “ de mercado. Hoje, tais políticas retiram rentabilidade do setor. O desafio está exatamente me mudar esta “cultura” instalada no consumidor de e-commerce. Não será um processo fácil, nem instantâneo.