Dinheiro “de plástico” muda perfil de consumo?

Os brasileiros pagam 60% do que compram ainda com dinheiro. A parcela de pagamento feita com cartões cresce, mas não desbanca o pagar em “espécie”. Forma de pagamento tem muito a ver com perfil de consumo. Estudo da Tendências Consultoria mostrou: se a participação dos cartões como meio de pagamento aumentasse 10% o valor total das vendas cresceria 2,8%.

Apesar de todo crescimento no uso dos cartões de crédito ou débito o dinheiro vivo continua na frente. Estudo do Banco Central mostrou que em 2007, 77% das compras eram pagas com dinheiro, 19% com cartões e 2% com cheque. Em 2010, 59% já foi pago com dinheiro, 36% com cartões e os mesmos 2% em cheque. As operadoras de cartões observam esses números em outra perspectiva: há muito espaço ainda para os cartões ampliarem sua participação.

Como perfil de consumo vale observar o gasto médio mensal da população com pagamento de contas e compra de produtos; em 2007 esse gasto foi de R$ 577, pago quase 80% com dinheiro vivo. Em 2010, o gasto médio saltou para R$ 877 e um pouco menos de 60% foi pago em dinheiro.

O uso dos cartões tem correlação direta com crise econômica. Na área do euro o uso dos cartões parou de subir desde 2009. Os pagamentos com dinheiro vivo no contesto europeu voltaram a crescer com a crise da moeda única.

Há um grande interessado na expansão das compras com cartão: o governo. Em 2011, o Banco Central gastou R$ 790 milhões na manutenção das notas e das moedas, para preservar o total de R$ 163 bilhões em dinheiro circulante. Esses gastos são de produção, seguro e distribuição de meio circulante. Além desse gasto, há também o fato de que cartões inibem sonegação e aumentam bem a formalidade na economia.

Perfil de consumo tem muito a ver com forma de pagamento. As operadoras de cartão estimulam estudos sobre o aumento da participação do “dinheiro de plástico”. O Banco Central, interessado que é no assunto, deveria estimular também a melhor compreensão dos motivos para uso dos cartões.

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