O número assustou: um terço da comida do mundo apenas estraga ou é perdida. E, curioso, os países mais ricos decidiram agir. Por exemplo, a Turquia decidiu reintroduzir a agricultura na agenda do G-20 este ano, com uma reunião ministerial em maio sobre perda e desperdício de alimentos no contexto de segurança alimentar e cadeia de valor agrícola, como mostrou material do Valor Econômico de 11/02, pg B14.
Um relatório de 2013 da Agência para a Agricultura e Alimentação das Nações Unidas (FAO) estimou que o desperdício de alimentos alcançava 1,3 bilhão de toneladas a cada ano, com custo econômico direto de US$ 750 bilhões por ano.
Nesse cenário, cresce a preocupação entre os líderes de que o mundo não pode estragar ou perder um terço de toda a produção de alimentos produzida, por causa de práticas inadequadas, quando há quase 1 bilhão de famintos no mundo e a desigualdade de renda aumenta globalmente.
A iniciativa turca ocorre num cenário em que certos analistas, como o americano Lester Brown, do antigo “Earth Policy Institute”, em Washington, consideram que o mundo está em transição, de uma era de abundância de alimentos para uma era de escassez.
Para Brown, surge uma nova geopolítica de alimentos que intensificará a concorrência pelo controle de terras e de água. “Alimento é o novo petróleo. E terra é o novo ouro”, escreveu num artigo.
A iniciativa da presidência turca deflagrou, sem surpresa, posições bem divergentes sobre a ênfase que deve ser dada pelas maiores economias do mundo, para recomendações de políticas no futuro.
Na primeira reunião preparatória em Istambul, na semana passada, especialistas da própria FAO foram menos enfáticos sobre custos econômicos, admitindo dificuldades para calcular os estragos na área alimentar.