Todo erro precisa ter um “dono”. Inclusive, na empresa que detém a marca mais valiosa do mundo. O presidente da Apple, Tim Cook, no final do dia na segunda-feira afastou o poderoso chefe do grupo de softwares da companhia. A saída de Scott Forstall, uma espécie de “segundo” na Apple desde a fundação, despertou outras mudanças. O diretor da divisão de varejo, John Browett, também saiu.
Forstall tinha um histórico de atritos com outros altos executivos da empresa. Mas, neste momento, o motivo da saída foi a recusa em assumir a responsabilidade pelo fracasso no sistema de mapas da Apple. Forstall não quis assinar, de nenhum modo, o pedido público de desculpas quando o software que deveria substituir o Google Maps no sistema Apple apresentou erros absurdos e constrangedores. A situação evoluiu de tal modo que Tim Cook, o presidente, tomou o lugar e assumiu o pedido de desculpas.
Os analistas apresentaram duas interpretações para essa decisão. Primeiro, as mudanças mostrariam que Cook “está imprimindo sua autoridade na empresa”. A segunda visão do que ocorreu na Apple é que a decepção com a história dos mapas veio em momento muito crítico e o episódio “tenha feito de Forstall o bode expiatório”.
Embora a Apple acumule muitos sucessos, nos últimos tempos tropeços aconteceram, não só com o software de mapas, mas também problemas com receitas, mostrando que os desafios para manter a liderança no mercado de tablets e smatphones não é tão tranqüila quanto se imaginava.
Este é o ponto. As placas do poder estão se mexendo na Apple, porque há mesmo um terremoto competitivo nesse mercado. Google, Amazon, Microsoft e Samsung não estão brincando e querem, de verdade, pedaços cada vez maiores da fatia da Apple .
O rumo empreendido nas mudanças na empresa líder pode dar boas pistas sobre tendências do setor. O chefe da seção de design industrial, Jonathan Ive, terá maiores responsabilidades, passando a supervisionar todo o design de soft e de hard da empresa. Eddie Cue, que diriige o setor de produtos on line, se encarregará do Apple Maps e do software de busca. Craig Federigh que controla o soft OX, que capacita os computadores Mac, terá mais responsabilidade.
O detalhe talvez mais relevante é que as lojas Apple passam a se reportar diretamente a Tim Cook. Oficialmente essa decisão só vale enquanto ele procura um novo chefe para divisão de varejo. Os analistas não viram desse modo: o varejo ganhou importância essencial, virou assunto do presidente. Essa é a mudança mais sensível e dá bem o tom da preocupação da Apple com os concorrentes.
Design e varejo ganharam espaço na lógica de poder da Apple. Como essa decisão acontece na empresa que tem a marca mais valiosa do mundo no momento, convém prestar atenção para essa tendência.