Livros: fusão de grandes editoras internacionais muda mercado

O mercado de livros vai mudar. E muito. E não apenas pela chegada dos livros eletrônicos. Ontem, a gigante alemã de mídia Bertelsmann, anunciou que sua editora a Random House e a Penguin Group, da gigante britânica Pearson alcançaram acordo para fusão. Sem esconder os objetivos pretendidos, a nova empresa terá como meta uma atuação global. Sem limites.
A Pearson, que inclui entre seus negócios o jornal Financial Times, por exemplo, ficará com 47% da nova empresa. A sócia alemã, um império no setor de comunicações agora terá carteira de títulos que correspondem a 25% dos livros vendidos no Reino Unido. O volume de negócios das duas empresas deverá ultrapassar faturamento de três bilhões de euros anuais. Só a Random House tem 45 subeditoras.
O desafio é reformar o negócio de venda de livros que parece ter se transferido para a internet, preferencialmente, como indica a quebra de dezenas de redes de livrarias pela Europa. Sem esquecer o outro desafio: enfrentar as concorrentes já “estabelecidas” na internet como a Amazon com todos os seus poderes para negociar margens e encostar na parede, cada vez mais, as casas editoriais tradicionais. A própria Pearson registrou lucros decepcionantes nos três primeiros trimestres deste ano.
O objetivo maior da fusão é colocar livros no mercado a custos mais baixos. Os executivos das duas empresas não esconderam que o alvo da fusão é o mercado emergente com nome bem definido: China, Índia e Brasil. Nesta ordem.
A britânica Penguin Books comprou 45% das ações da brasileira Companhia das Letras e a Pearson entrou no mercado de livros didáticos brasileiros, adquirindo a editora do sistema de ensino SEB. Para os dirigentes brasileiros da Companhia das Letras “nada muda, por enquanto”. Para esses dirigentes, cada empresa manterá sua cultura e sua forma de atuar.
O mercado internacional notou que a fusão foi um processo de defesa da Pearson. A imprensa britânica noticiou na semana passada que a News Corporation, de Rupert Murdoch teria feito oferta para comprar a Pearson toda. Provavelmente a empresa preferiu entregar os anéis para não perder os dedos como ensinava antigo ditado. A pressão de Murdoch está diretamente relacionada à queda de lucros da editora. Porém, seria uma decisão politicamente difícil no contexto britânico aceitar a compra da Pearson do Financial Times por empresa de Murdoch. A solução alemã era mais aceitável para a realidade inglesa.

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