Desaceleração faz China avaliar novos estímulos

Os líderes da China sinalizaram que estão estudando mais medidas de estímulo, depois de dados econômicos decepcionantes. A situação econômica do país está mudando, a pressão de baixa está aumentando e o governo precisa adotar medidas para conter isso, diz comunicado emitido após reunião do Politburo ontem, liderada pelo presidente Xi Jinping.
O sinal de crescente urgência surgiu horas depois que relatórios de atividade (PMIs, de gerentes de compra) mostraram deterioração generalizada que pode se espalhar e afetar o crescimento global. A segunda maior economia do mundo vem sendo prejudicada pela guerra comercial com os EUA e esforço para reduzir a dívida doméstica.
Apesar desses problemas, até agora as autoridades deram apoio político modesto, que vai de cortes nos impostos a uma regulamentação menor, em vez de repetir o estímulo fiscal usado na desaceleração anterior. Investidores parecem não estar convencidos da abordagem gradual. A cotação do yuan está perto do menor nível em uma década, e as ações estão caindo.
“Aceitar um crescimento menor há muito é um desafio para Pequim, mas agora a taxa da desaceleração está fora da zona de conforto”, disse Katrina Ell, economista da Moody’s Analytics. “Nos últimos anos, o malabarismo tem sido enfrentar os riscos no sistema financeiro contra as pressões para a estabilização do crescimento econômico. Parece que o último voltou a ser uma prioridade.”
O crescimento do setor industrial caiu ao menor patamar em mais de dois anos. O subíndice de exportação caiu ainda mais, para território de contração, sugerindo que o movimento de antecipação de exportações para os EUA antes da entrada em vigor das sobretaxas está sumindo rapidamente.
Os EUA se preparam para anunciar no começo de dezembro tarifas sobre todas as importações remanescentes da China, se os presidentes Donald Trump e Xi Jinping, que se reúnem no fim do mês, não conseguirem atenuar a guerra comercial. Uma nova alta das tarifas sobre US$ 200 bilhões em importações chinesas em janeiro será um duro teste para muitos exportadores e pode acelerar a mudança nas cadeias globais de fornecimento.
Jamie Dimon, CEO do JP Morgan Chase, disse que a escalada da tensão comerciais entre EUA e China começa a se parecer cada vez mais com uma guerra comercial, em vez de apenas uma “escaramuça”.
Os líderes chineses, a começar por Xi, se comprometeram a evitar uma “avalanche” de estímulos à economia, e uma campanha de vários anos para conter o crescimento da dívida parece paralisada, mas não descartada. O braço-direito de Xi na economia, Liu He, defende um afastamento a todo custo do crescimento alimentado pelo crédito, e autoridades do alto escalão continuam alertando para os perigos do endividamento excessivo, mesmo enquanto tentam canalizar mais dinheiro para empresas privadas com problemas de caixa.
“A liderança está dando muita atenção aos problemas e será mais preventiva, agindo de uma maneira oportuna”, diz o comunicado de ontem do Politburo. Este, reiterou que a China manterá uma política fiscal proativa e uma política monetária prudente, tentando ao mesmo tempo encontrar soluções para ajudar as empresas privadas.
“O segundo trimestre de 2019 será um período difícil para a China, pois vários fatores pesarão sobre o crescimento, como a tensão comercial, as vendas menores de bens duráveis e o fim do boom imobiliário nas cidades menores”, disse Lu Ting, economista-chefe da Nomura International. “Será um teste para a China sustentar o crescimento em torno de 6,5%. As autoridades deverão cortar mais impostos e amenizar o controle à venda de imóveis nas grandes cidades para estimular a economia.”

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