Os preços ao consumidor nos EUA deverão subir nos próximos meses, esquentando um debate sobre uma alta que as autoridades do Federal Reserve (Fed, o Banco central americano) avaliam ser transitória, mas que alguns economistas acreditam que poderá iniciar uma espiral inflacionária.
O índice de preços ao consumidor (IPC) – que mede os preços de itens do cotidiano, como alimentos, roupas, lazer e veículos – subiu 2,6% ao ano em março, a maior alta em 12 meses desde agosto de 2018, segundo dados oficiais divulgados ontem. Em relação a fevereiro, o ganho foi de 0,6%, a maior alta mensal desde 2012.
Quase a metade da alta no mês foi por causa do aumento de 9,1% na gasolina, provocada pelos problemas de refinarias americanas após severas tempestades de neve. O núcleo da inflação, que exclui os preços de energia e alimentos, subiu 1,6% em março ante igual mês de 2020. Em relação a fevereiro, a alta foi de apenas 0,3%.
Kathy Bostjancic, da consultoria Oxford Economics, observa que o colapso dos preços ao consumidor ocorrido nesta mesma altura do ano em 2020 significa que o IPC continuará subindo ao menos até junho, o mês em que a economia foi reaberta pela primeira vez em 2020. Além disso, os aumentos de preços ocasionais resultantes da economia turbinada e alguns repasses por causa de gargalos na cadeia de suprimentos deverão continuar acelerando a inflação.
As autoridades do Fed têm se manifestado contra a ideia de reagir a qualquer alta imediata do IPC, avaliando que esses aumentos dos preços são transitórios.
Mas com a expectativa de que a economia americana crescerá num ritmo acima da capacidade em 2021, de um mercado de trabalho cada vez mais apertado e de pressões salariais maiores, uma inflação mais alta poderá persistir por mais tempo que o esperado.
“Se a alta da inflação persistir, e especialmente se ela for acompanhada por um aumento mais rápido dos salários, então a linha do Fed se tornará insustentável”, diz Ian Shepherdson, economista da Pantheon Macroeconomics.
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