Crise elege “caras novas” na política espanhola

Ada Colau, 41, é o rosto da nova era política na Espanha após as eleições municipais e regionais de domingo (24): jovem, estreante em cargos públicos e com um discurso afiado contra os bancos e os grandes partidos, será a prefeita de Barcelona.

Em julho de 2013, uma ex-“mamãe Noel”, estudante de filosofia, foi manchete de jornais ao ser arrastada por policiais armados em um protesto contra ordens de despejo em Barcelona.

Quase dois anos depois, ela era escoltada por policiais durante seu primeiro discurso como nova prefeita da capital catalã, como mostrou matéria da Folha de São Paulo, de 27/05, pg A8

As eleições consagraram os chamados “antissistema”, grupos políticos surgidos com o movimento dos indignados, que tomou praças do país em 2011.

A chegada desses grupos às principais prefeituras e governos regionais do país gerou uma crise inédita entre os grandes partidos.

O Partido Popular, do premiê Mariano Rajoy, e o Partido Socialista, que se revezam no poder desde a reabertura democrática, perderam quase seis milhões de votos.

“Acho que os eleitores deram-lhe um voto de confiança porque estão cansados de corrupção. Ela é um pouco virgem na política, é como se não conhecesse a maldade”, diz a socióloga Ana Casado.

Mãe de um menino de três anos, Colau entrou na vida pública há quatro anos, quando o movimento que fundou, Plataforma Afetados pela Hipoteca, ganhou peso nacional, impedindo centenas das mais de 500 mil ordens de despejo executadas no país desde 2008.

Afastada do ativismo social da adolescência, deixou os estudos de filosofia por falta de dinheiro e vivia de bicos, como o de “mamãe Noel”.

Começou a liderar grupos que iam a casas e apartamentos impedir que fiscais cumprissem ordens de despejo.

A ideia ganhou a simpatia de juízes e do Tribunal Europeu, que criticou a lei hipotecária, motivando uma mudança na legislação do país.

Em 2013, ela recebeu o prêmio de Cidadã Europeia do Parlamento Europeu.

Parte da população barcelonesa, simpática à ideia de independentismo, não a vê com bons olhos.

“Acho justo dar-lhe um voto de confiança, embora me doa que ela não inclua a questão independentista em sua agenda”, disse a aposentada Maria José Argente, 73.

Para governar, Colau terá que fazer pactos com outras forças da esquerda, como a Esquerda Republicana, alinhada ao separatismo.

Comentários estão desabilitados para essa publicação