China e Estados Unidos, os dois maiores emissores de gases do efeito estufa do mundo, anunciaram nesta quarta-feira, em Glasgow, na Escócia, que irão cooperar para limitar os efeitos do aquecimento global. O país asiático concordou em reduzir suas emissões de metano e a implementar medidas de controle. No entanto, segundo o acordo, os chineses não aderiram ao pacto para a mitigação do poluente nos moldes em que foi anunciado na semana passada, em processo conduzido pelos EUA.
De acordo com a declaração conjunta, a China implementará as medidas durante esta década. O anúncio, porém, não diz os níveis de redução que os chineses pretendem atingir. No entanto, afirma que a medida será efetivada ainda antes da próxima edição da cúpula do clima, a COP-27 e que pretendem se reunir na primeira metade de 2022 para discutir formas de atingir o objetivo.
Como o Estadão mostrou, a tensão entre os dois países ameaça o desfecho da conferência, que nesta quarta-feira apresentou um rascunho de seu documento final. Nele, é cobrado das mais de 200 nações que participam do evento que apresentem metas mais ambiciosas para diminuir suas emissões.
Os dois países também anunciaram esforços para cortar as emissões de dióxido de carbono, o principal poluente causador do efeito estufa e em fazer esforços para mudar a matriz energética, sem, no entanto, se comprometerem a banir o uso de carvão mineral em suas usinas termelétricas. No entanto, também não fica claro o quanto a China pretende assumir uma meta mais ambiciosa de corte de suas emissões. O país já declarou que deve atingir o pico de emissões antes de 2030 e, então, começar a decrescer.
O anúncio teve repercussão positiva na comunidade internacional. Em comunicado público, Alden Meyer, da Union of Concerned Scientists, dos EUA, afirmou que “ambos os países devem agora começar a trabalhar juntos aqui em Glasgow com os países vulneráveis e outros que estão pressionando por resultados ambiciosos em mitigação, adaptação, perdas e danos e financiamento climático, que são necessários para proteger os cidadãos dos Estados Unidos, China e do resto do mundo.”
CEO do China Dialogue, Sam Geall afirmou que “o novo anúncio significa que as duas superpotências de carbono do mundo podem voltar a se concentrar na emergência climática e que estão empenhadas em trabalhar juntas, apesar do aumento das tensões geopolíticas em outras áreas. Isso só pode ser uma coisa positiva, para ambos os países e para o mundo.”
A três dias do final da COP-26, em Glasgow, na Escócia, negociadores dos mais de 200 países que fazem parte da cúpula do clima da ONU aceleram o ritmo dos acordos e tentam costurar uma declaração final mais propositiva. Além do anúncio da China e Estados Unidos, ministros de Estado do Brasil, China e Índia apresentaram um comunicado em que cobram mais investimentos dos países desenvolvidos para a contenção dos efeitos da mudança climática.
O comunicado afirma que o Brasil está comprometido com as metas apresentadas em Glasgow e que os países signatários estão preocupados com o andamento das negociações do fundo de US$ 1 bilhão acordado em 2009