Consumo interativo? A Coréia saiu na frente.

O cenário é o do International Finance Center Mall, em Seul, capital da Coréia do Sul. Para facilitar a orientação do consumidor, existem 26 quiosques de informação nos quatro andares do imenso shopping. Porém, quando o consumidor se aproxima de um dos quiosques ele também está sendo observado.
Mas, o que acontece? Um pouco acima da tela de LCD de cada quiosque estão duas câmaras e um detector de movimento. Enquanto o visitante é filmado, um software de identificação facial faz o serviço de estimar a idade e o sexo da pessoa.
A ideia é oferecer aos anunciantes uma seleção de propagandas interativas “baseadas nos atributos do visitante”, Por exemplo, para um homem de 40 anos, exibe anúncio de restaurante. Para uma mulher de 20, aparece loja de roupas. A novidade tem outro ponto forte: os clientes podem interagir com o anúncio com movimentos de mão. Basta o sinal e a tela vai para a indicação do que o cliente quer ver.
A matéria do The Wall Street Journal mostrou que o sistema está só na fase de coleta de dados. É o primeiro na Coréia e um dos primeiros do mundo. Desde a abertura do shopping, em um mês, registrou 1,8 milhão de faces nos quiosques ou perto deles. A maioria foi filmada várias vezes ao passar na frente dos diferentes quiosques.
O ponto mais forte da proposta é fixar novo conceito: anunciantes em grandes espaços públicos têm apenas “ideia geral de quem atingem” e só podem direcionar anúncios a grandes segmentos de audiência. É exatamente isto que o novo sistema quer mudar.
O W. S. Journal conta que os fabricantes do sistema são duas empresas sul coreanas. Na Austrália, a Millward Brown, empresa de pesquisa já está usando webcams para monitorar reações faciais a comerciais de TV. A agência de publicidade americana Redpepper vende sistema para varejistas e restaurantes com promoções para clientes regulares identificados por campanha de reconhecimento facial que possibilita até “check-in de localização automática via Facebook”.
Há riscos na história. Executivos das companhias vendedoras do sistema repetem que não vão registrar as interações ou armazenar as imagens. E também não pedirão nenhuma informação de quem usar os quiosques. Motivo: as leis da Coréia proíbem empresas de coletar dados pessoais de clientes sem permissão.
Na maioria dos países, como na Coréia, as leis permitem o monitoramento por câmara dos espaços e autoriza as empresas a terem vídeos desde que os clientes sejam notificados, Na porta do shopping de Seul está o competente aviso. O Valor Econômico traduziu parte da matéria do W. S. Journal na edição de 10 de outubro, pg B9.
Não há dúvida de que a webcam mexerá muito com o consumo e com a publicidade.

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