O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou nesta segunda-feira, 10, sua primeira resolução apoiando um plano de cessar-fogo para o fim da guerra de oito meses entre Israel e grupo terrorista Hamas em Gaza. A aprovação em Nova York acontece em paralelo a um encontro do secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, com o primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, em um apelo pela aprovação de uma proposta de trégua.
A resolução aprovada endossa uma proposta de cessar-fogo anunciada pelo presidente dos Estados Unidos Joe Biden no dia 31 de maio, que os Estados Unidos afirmam que Israel aceitou, embora o governo de Netanyahu, publicamente, tenha apresentado cetisimo sobre uma trégua.
O conselho votou 14-0 a favor, com abstensão da Rússia. O texto insta Israel e o Hamas a “implementar plenamente seus termos sem demora e sem condições”.
Em março, o Conselhoaprovou uma resolução, apoiada por 14 países, incluindo China e Rússia, que exigia um cessar-fogo imediato durante o mês sagrado islâmico do Ramadã e a libertação de todos os reféns. Mas não houve pausa na guerra. A resolução desta segunda-feira é a primeira que abre caminho para um cessar-fogo permanente.
O anúncio de Biden de 31 de maio da nova proposta de cessar-fogo, cujo texto aprovado na ONU o apoio, disse que começaria com um cessar-fogo inicial de seis meses com a libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinos, a retirada das forças israelenses de áreas povoadas em Gaza e o retorno de civis palestinos a todas as áreas do território.
O rascunho final do novo texto rejeita qualquer tentativa de mudar o território ou a demografia de Gaza, ou reduzir seu tamanho, mas descarta a redação que mencionou especificamente a redução por estabelecer oficialmente ou não oficialmente “as chamadas zonas-tampão”.
Também reitera o “compromisso inabalável do Conselho de Segurança de alcançar a visão de uma solução negociada de dois Estados, onde dois stados democráticos, Israel e Palestina, vivem lado a lado em paz dentro de fronteiras seguras e reconhecidas”.
A embaixadora dos EUA, Linda Thomas-Greenfield, disse após a votação que o conselho “enviou uma mensagem clara ao Hamas para aceitar o acordo de cessar-fogo sobre a mesa”, reiterando que Israel aceitou o acordo que é apoiado por países de todo o mundo.
Pressão sob Netanyahu cresce
Ainda não se sabe se Israel e o Hamas concordam com o plano de cessar-fogo em três fases, mas o forte apoio da resolução no órgão mais poderoso da ONU coloca pressão adicional sobre Netanyahu, em um momento que o premiê isralense acaba de perder o apoio de Benny Gantz, um popular centrista que fazia parte do gabinete de guerra de três homens.
Gantz anunciou no domingo, 9, que estava deixando o cargo após o primeiro-ministro israelense não ter apresentado um plano para o pós-guerra em Gaza. Ao anunciar que estava deixando o cargo, o centrista afirmou que “Netanyahu está impedindo de avançar para uma verdadeira vitória”. Para Gantz a prioridade é a libertação dos reféns. Por sua vez, Netanyahu tem defendido que continuará a guerra até a destruição do Hamas.
Sobre a proposta dos EUA, Netanyahu declarou anteriormente que Biden apresentou apenas partes da proposta e insistiu que qualquer conversa sobre um cessar-fogo permanente antes de desmantelar as capacidades militares e governativas do Hamas é um fracasso.
Blinken visita Israel
Até então sem respostas públicas firmes do grupo terrorista Hamas ou de Israel sobre a proposta que receberam há 10 dias, o secretário de Estados dos EUA, Antony Blinken, está realizando sua oitava visita ao Oriente Médio desde que a guerra começou para pedir pela aprovação da proposta de cessar-fogo.
Antes de ir para Israel, Blinken se encontrou com o presidente Abdel Fattah el-Sissi, do Egito, um importante mediador do grupo terrorista Hamas. No Cairo, o chefe da diplomacia americana instou os países do Oriente Médio a “pressionarem o Hamas” para que aceite um cessar-fogo. “Acredito firmemente que a esmagadora maioria” de israelenses e palestinos “quer acreditar em um futuro” em que as pessoas “vivam em paz e em segurança”, acrescentou Blinken.
Após a visita ao Egito, Blinken então voou para Israel para conversar com Netanyahu e outras autoridades israelenses. Netanyahu e seu governo resistiram a apelos por qualquer plano de “pós-guerra” que impediria Israel de ter algum tipo de presença de segurança no território. Blinken disse que instaria Israel a apresentar alternativas que seriam aceitáveis.
“Seria muito bom se Israel apresentasse suas próprias ideias sobre isso, e eu estarei conversando com o governo sobre isso”, disse Blinken. “Mas, de uma forma ou de outra, temos que ter esses planos, temos que tê-los no lugar, temos que estar prontos para ir se quisermos aproveitar um cessar-fogo.”
Espera-se que Blinken promova o plano de trégua, com escalas também na Jordânia e no Catar. Apesar dos esforços, os mediadores do conflito – Estados Unidos, Egito e Catar – não conseguiram negociar uma nova trégua desde o cessar-fogo de uma semana em novembro, que permitiu a libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinos detidos em prisões israelenses. /AFP e AP.