A Europa está preocupada. Os preços ao consumidor estão estagnados. A região mal começa a sair devagar da crise e um novo perigo, talvez mais grave, surge à frente: uma queda da inflação bem abaixo dos 2% esperados pelo Banco Central Europeu.
A deflação é uma situação dramática. Seus mecanismos são conhecidos: leva os consumidores a reduzirem o consumo e, portanto, a produção, os investimentos, o crédito, e leva o veículo econômico a fazer marcha à ré, como mostrou o correspondente do Estadão em Paris, Gilles Lapouge, na edição de 03/09, pg B7.
O presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, voltou a dar sinais de que deve flexibilizar sua política, adotando medidas não convencionais para combater o risco de deflação e auxiliar no relançamento da atividade econômica na Europa. O indício foi dado na noite de segunda-feira, em Paris, quando a autoridade monetária da zona do euro foi recebida em uma reunião discreta pelo presidente da França, François Hollande.
O encontro entre os dois dirigentes aconteceu na sede do governo francês, e não foi seguido de uma entrevista coletiva, como costuma acontecer. Em Paris, um relato do encontro foi divulgado a jornalistas pela presidência. Segundo a versão, Hollande e Draghi concordam sobre “a preocupação a respeito do crescimento e da evolução da inflação” e sobre “a necessidade de apoiar o crescimento europeu ante o risco de inflação fraca demais”. Para tanto, seriam usadas “a flexibilização aberta pelas regras orçamentárias europeias” de forma a estimular a demanda na Europa.