Com novas pichações, começou a 30ª Bienal de São Paulo

Até agora nenhum problema. A 30ª Bienal de São Paulo, inaugurada ontem para convidados e na sexta-feira para o público, por enquanto só tratou de números e custos. O orçamento desta edição do evento foi de R$ 22,4 milhões, já inteiramente pagos. O venezuelano, Luiz Pérez-Orama responsável pela concepção desta Bienal a definiu como “uma Bienal inteligente, mas não bombástica”.
A exposição terá 2.900 obras de 11 artistas. O diretor-presidente da Fundação Bienal de São Paulo , Heitor Martins, afirmou ao Estadão que esta edição se distingue das anteriores por “seu ineditismos”, porque, afinal, 75% dos artistas participantes possuem trabalhos nunca exibidos. Outra novidade desta edição é que a exposição da Bienal também acontecerá em outras instituições da cidade não apenas no pavilhão projetado por Oscar Niemeyer no parque do Ibirapuera.
Os problemas parecem ter sido superados desde a chamada “Bienal do vazio”, de 2008, que deixou uma dívida de R$ 5 milhões. Em entrevista à Folha, Heitor Martins assegurou que a dívida da Fundação está sanada. Ele insistiu que em relação a Bienal anterior esta edição teve orçamento “20% menor”. A 30ª Bienal equacionou o orçamento de forma diferente: 65% dos custos (cerca de R$ 15 milhões) foi captado por meio da Lei de Incentivo; 9% forma recurso da Prefeitura de São Paulo e 7% do governo do Estado; 2% por meio de serviços e 17% de fontes privadas.
Só há um fantasma ainda rondando a inauguração desta Bienal: as pichações. Na 28ª e na 29ª mostras essas “manifestações” apareceram. Em uma delas os pichadores foram presos e depois liberados. Teimosamente antes da inauguração para os convidados, algumas pichações apareceram. E, apenas algumas horas antes da abertura oficial do evento funcionários da instituição tentavam limpar as “manifestações” impertinentes.
Desde a edição anterior um forte debate cercou as pichações na Bienal. Especialmente depois das prisões dos pichadores. O título da 30ª edição da Bienal é “A Iminência das Poéticas”. Orama, responsável pela concepção da mostra, disse que agora a Bienal “passa da iminência à experiência” referindo-se à instabilidade financeira que atingiu a Fundação Bienal. A manifestação atrevida das pichações ainda não recebeu espaço na mostra. O debate sobre essa exclusão será tão intenso quanto a tentativa dos pichadores de retomarem seu ofício nas paredes da 30ª Bienal de São Paulo.

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