Produto importado ficou mais caro. Melhor ou pior?

O governo federal decidiu mudar de rumo na questão da entrada de produtos importados. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou o aumento do Imposto de Importação para cem produtos. Na lista há um pouco de tudo. Pneus, batata, tijolos, vidros, vários tipos de máquina reatores para lâmpadas, tubos de descarga, aparelhos de raio X. Sem discussão de tamanho, de vagão de carga a cordas, de disjuntores a centros de usinagem. Com um destaque: alguns princípios ativos para medicamentos. Na média, a alíquota de proteção subiu para 25%.
O ministro Mantega alertou os empresários nacionais diretamente: ”se houver aumento de preços vai criar inflação e não queremos isso”. Ele afirmou que os preços domésticos serão monitorados e frente a qualquer aumento de preços o governo derrubará imediatamente as alíquotas agora majoradas.
Essa medida provocará intenso debate entre os economistas. Mantega insistiu que a medida é suficiente para compensar as perdas dos setores muito atingidos pela concorrência internacional. O ministro lembrou que a alta do câmbio, tornando o dólar mais favorável para os exportadores, foi acompanhada de redução dos impostos para os produtores e recuo nas taxas de juros. Agora com o aumento das alíquotas de importação o ministro espera que a indústria produza mais.
A medida está relacionada com a queda da produção industrial do segundo trimestre divulgada ante ontem pelo IBGE. Alguns setores da indústria admitiram que preferem importar a fabricar aqui alguns produtos. A queda da indústria derrubou o PIB de abril a junho.
Até agora as importações, especialmente de manufaturados, colaboraram muito no combate à inflação. Como boa parte dos países que enfrentam os efeitos da forte crise econômica internacional, o governo fez uma escolha entre o risco de inflação e o medo de cair demais a atividade econômica. Essa escolha provocará um bom debate entre quem prefere manter a abertura comercial para gerar mais produtividade e os que optam por proteger a indústria contra a competição internacional.
O governo já avisou que essa é só a primeira leva de aumento de alíquotas. A lista de exceção para proteger mercados internos da concorrência dos importados contém 200 itens. Até agora o Ministério da Fazenda só divulgou cem itens. Até outubro, devem chegar os outros cem.

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