Chineses já são 10% dos turistas mundiais

O desafio é alto, mas o dinheiro também é. Os chineses agora superam em número os demais turistas e, mais importante, gastam mais. E esse fenômeno não está nem perto de atingir seu pico. De Paris a Pretória e Nova York, a maior tendência no turismo em décadas é o crescimento explosivo de turistas chineses.

Cerca de 10% de todos os viajantes do mundo são chineses, que no ano passado fizeram quase 100 milhões de viagens para fora da China continental, segundo o Instituto de Pesquisas de Turismo Internacional da China. Wolfgang Arlt, seu diretor, diz que apenas 5% dos residentes na China possuem passaporte, e a maioria ainda os usa principalmente para viajar para os territórios autônomos de Hong Kong e Macau. “Estamos vendo apenas uma pequena amostra do futuro do turismo”, diz ele.

O crescimento tem gerado choques culturais e controvérsias pelo mundo, especialmente em Hong Kong, onde as queixas contra os visitantes da China continental são um ponto que está alimentando a onda de protestos no território.

Os visitantes chineses em Hong Kong estão sendo comparados a uma praga de gafanhotos, devorando serviços e irritando os moradores locais com seus costumes diferentes. O problema não é só uma questão de comportamentos supostamente grosseiros e indisciplinados. Conflitos e mal-entendidos ocorrem a todo momento.

Há apenas cinco anos, poucos turistas chineses sabiam onde ficavam as ilhas Maldivas. Mas hoje esses viajantes dominam o turismo nessas ilhas do oceano Índico, apesar do conflito desencadeado por um hotel que retirou chaleiras dos quartos pois os chineses as estariam usando para cozinhar moluscos retirados dos recifes de coral.

Os visitantes chineses classificaram isso de uma afronta cultural e acusaram o hotel de conspirar para negar a eles o direito de fazer um chá e, talvez, cozinhar macarrão instantâneo nos próprios quartos. Em mensagens iradas nas mídias sociais, alguns convocaram um boicote econômico às Maldivas.

Em Paris, o número de turistas chineses alvo de roubos e fraudes é tão grande que uma representação especial da polícia chinesa foi instalada na cidade. No ano passado, um adolescente chinês entalhou seu nome em uma das paredes do templo de Luxor, no Egito, causando ultraje internacional. Até o governo chinês está preocupado com esse tipo de comportamento e já elaborou um amplo guia para “viagens civilizadas”.

A pesquisa de Arlt reforça esse ponto. Em 2013, os gastos dos turistas chineses superaram os dos americanos em 50%. Em 2015 os gastos dos chineses fora do país com artigos de luxo serão maiores que os gastos de todos os outros turistas do mundo combinados. Arlt prevê que os chineses realizarão 125 milhões de viagens para fora da China no ano que vem.

Arlt oferece outros exemplos de mercados pouco comuns que estão pegando a onda do turismo chinês. “No começo, países como Portugal e Espanha pensavam ‘somos destinos de praia’. Os chineses não vão à praia, de modo que não se interessaram por eles. Agora, estão vendo um grande número de visitantes interessados por cultura, história e gastronomia”, diz. A lição é: seja criativo e culturalmente sensível, mas direcione seu marketing para a China.

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