China: varejo on line, até de bicicleta, vende mais que EUA

Trocar o emprego seguro de professor de Matemática na cidade de Handan, no leste da China para virar entregador da varejista on line Beijing Jindong Century Trading Cia , em Pequim, parece uma decisão perigosa. Só que a atitude do professor chinês Davi Lin, casado pai de um filho pequeno, interessou muito o The Wall Street Journal, um dos maiores jornais de economia do mundo, uma leitura obrigatório dos executivos norte-americanos.
O motivo do interesse é fácil de entender: o comércio eletrônico explodiu na China quando os consumidores, com cada vez mais dinheiro começaram a gostar muito das ofertas on line. Como mostrou a matéria do Wall Street Journal (que o Valor traduziu na edição de 11/3, pg B14) as vendas totais pela internet devem superar a dos EUA já nos próximos anos. Em 2012 os chineses venderam pela web US$ 169 bilhões e devem vender daqui a três anos, US$ 356 bilhões. Os EUA venderam US$ 226 bilhões no ano passado, mas devem vender US$ 327 bilhões em três anos. Os dados são da consultoria especializada Forrester Research.
O que interessa na decisão de LI, de trocar a Matemática por pilotar uma bicicleta nas ruas de Pequim é entender melhor o complexo sistema de distribuição de mercadorias na China, em especial para atender as mais distantes regiões do país. Isso faz com que as empresas de logísticas recebam muita atenção e muito investimento. Para se ter uma ideia do que está em jogo, Jack Ma, o dono do Alibaba Group Holding Ltda, observando o crescimento do varejo on line na China, organizou investimento, junto com bancos internacionais, empresas de entrega e outras firmas do setor, um aporte de 100 bilhões yuans, cerca de US$ 15 bilhões nos próximos anos , apenas para dominar parte desse negócio em Pequim.
Os maiores problemas do comércio on line é a logística de entrega. O Wall Street Jorunal informa que a China ocupou, no ano passado a 26ª posição no ranking de infraestrutura logística do Banco Mundial, só uma posição acima da Turquia. Cingapura é a campeã e os EUA estão em nono lugar. O Brasil é o 45ª da lista.
O problema da logística chinesa começa pelo preço do terreno para fazer grandes armazéns nas grandes cidades. Depois, reter bons trabalhadores é outro problema. Resultado: as empresas sobem os salários para atrair. Foi por esta razão que Li largou sua Matemática e veio para Pequim. Foi pela mesma essa razão que a decisão de Li atraiu a atenção do jornal americano.

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