O presidente da China, Xi Jinping, pediu que as medidas para estimular o consumo interno sejam aceleradas, no momento em que aumentam as preocupações com a possibilidade da segunda maior economia do mundo não conseguir cumprir suas metas de crescimento.
Citando a demanda interna “insuficiente”, a liderança da China endossou nesta terça-feira a aceleração das políticas fiscal e monetária, incluindo o uso de títulos do governo para financiar os programas de gastos e estímulos para modernizar equipamentos industriais e bens de consumo.
“O foco das políticas econômicas deve mudar mais para beneficiar a população e promover o consumo”, disse o Politburo, o órgão máximo de liderança do Partido Comunista, presidido por Xi, na conclusão de uma reunião, segundo a agência estatal de notícias Xinhua. “É necessário aumentar a renda da população por meio de múltiplos canais.”
A declaração reforça os sinais de que a liderança da China está preocupada com o crescimento econômico, que caiu para 4,7% no segundo trimestre em relação ao ano passado, menor que o dos três meses anteriores e abaixo da previsão de crescimento de 5% para o ano.
Na semana passada, a China anunciou inesperadamente cortes nas taxas de juros em mais um sinal dos esforços das autoridades para melhorar o crescimento abaixo do esperado, prejudicado por uma desaceleração prolongada do mercado imobiliário.
Nesta quarta-feira, a China deverá divulgar seu índice oficial dos gerentes de compras para julho, que deverá mostrar que a atividade industrial continua moderada.
As exortações ao estímulo da demanda na declaração do Politburo contrastaram bastante com a mensagem da terceira plenária do comitê central do Partido Comunista, uma de suas reuniões de política mais importantes e que é realizada a cada cinco anos.
As autoridades que participaram da reunião na semana passada se concentraram nas ambições de longo prazo de garantir o domínio da China em tecnologia avançada e na indústria, e fizeram poucas menções à forma como pretendem aumentar a demanda interna.
Os parceiros comerciais da China, que incluem os Estados Unidos e a União Europeia (UE), vêm reclamando que Pequim está promovendo uma economia de mão única voltada para as exportações industriais, ao mesmo tempo em que não está fazendo o suficiente para promover o consumo entre seus próprios cidadãos, cuja confiança está sendo abalada pela crise no setor imobiliário e as consequências da pandemia.
Embora o Politburo tenha reiterado os planos de Pequim para a alta tecnologia, ele disse que as políticas econômicas precisam “aumentar a capacidade de consumo e a disposição dos grupos de renda média e baixa”.
A declaração não deu nenhuma pista das novas medidas para estimular o consumo, mas se concentrou na implementação mais rápida das que já foram anunciadas, como as emissões de bônus e modernização de aparelhos.
Os serviços também deverão ser promovidos em áreas como “cultura, turismo, cuidados com idosos e infantis”, diz a declaração.
Analistas da Gavekal Dragonomics escreveram em uma nota esta semana que “a política econômica e o crescimento da China novamente decepcionaram, com a demanda perdendo força à medida que as tentativas de estímulo fiscal, um socorro ao setor imobiliário e um pacote de reformas não conseguiram ganhar força.” “A maior prioridade do governo é a política industrial voltada para a tecnologia e a indústria” acrescentaram eles.
Os analistas da Gavekal alertaram que a China corre o risco de não cumprir sua meta econômica este ano, devido a uma combinação de demanda fraca e oferta cada vez maior, que está gerando uma pressão deflacionária sobre a economia.
A economia da China tem se apoiado nas exportações aquecidas – com o país vendendo mais de US$ 900 bilhões em produtos para os mercados internacionais no segundo trimestre, em comparação a US$ 800 bilhões no primeiro trimestre e 50% a mais do que antes da pandemia, segundo a Gavekal.
Mas as exportações não estão sendo contrabalançadas pelo aumento das importações, o que está gerando tensões com parceiros comerciais que poderão chegar ao auge em novembro, durante as eleições presidenciais nos EUA, com o ex-presidente Donald Trump prometendo grandes aumentos nas tarifas se for eleito