A marca das novas lideranças chinesas que chegaram hoje ao poder em Pequim é a continuidade. Não há nenhuma alteração de fundo na condução política chinesa. A escolha de Xi Jinping para suceder a Hi Jintao era conhecida desde 2001. Mas, essa não é a questão mais relevante dessa continuidade: tanto Xi como Hu chegaram ao poder pelas mãos do mesmo “fazedor de reis”, Jiang Zemin, ainda bastante poderoso aos 86 anos de idade.
Os mandatos do presidente da República (que é também o secretário geral do Partido Comunista Chinês e chefe das Forças Armadas) e do primeiro ministro duram dez anos. Porém, no meio do governo já serão escolhidos os seus sucessores, como aconteceu com Xi que desde 2007 já sabia que seria o presidente.
Na prática, a estrutura política chinesa mantém o mesmo eixo desde que Deng Xiaoping chegou ao poder com a morte de Mao Tsé Tung no começo dos anos 1980. Deng foi o arquiteto da abertura chinesa para o Ocidente e o organizador do modelo chinês de desenvolvimento econômico baseado em exportações e economia de mercado. Deng escolheu como sucessor Jiang, porque ele seguiria essa mesma linha na economia,. Jiang preparou Hu para sucedê-lo em 2002 e agora repassou o poder para Xi. Esta sucessão, organizada e previsível, garante a continuidade do poder político nas mesmas mãos e, ao mesmo tempo, assegura que a economia não muda de rumo. É importante observar que a atual geração que chega ao poder, são conhecidos como os “principezinhos”. Ambos , o presidente Xi Jinping como o primeiro ministro Li Keqiang, de 59 e 57 anos respectivamente, são filhos de heróis da Revolução Chinesa , companheiros de Mao na tomada do poder no final da década de 1940. Depois da Revolução Cultural, seus país ficaram ao lado das reformas de Deng e até forma presos por essa escolha,. Tanto o presidente, como o primeiro ministro, quando eram jovens foram enviados ao campo para trabalharem como camponeses, como punição, durante a Revolução Cultural O presidente Xi, no entanto, depois estudou engenharia na Califórnia a partir de 1985.
A China é hoje o país que mais vende para o Brasil e um quarto dessas importações são máquinas e equipamentos e 55% são bens intermediários. Ou seja, compramos baixa e média tecnologia dos chineses Por outro lado, o maior comprador das exportações brasileiras também são os chineses, minério de ferro, soja e petróleo dominam a pauta dos produtos vendidos a Pequim.
A troca de comando na China é tão relevante para o Brasil quanto a eleição do presidente americano. Com um detalhe: 70% das nossas exportações são exatamente os três produtos que os chineses mais compram dos produtores brasileiros.