China mira FedEx e envia ‘alerta’ aos EUA

Em sua crescente guerra comercial com os Estados Unidos, a China resolveu mirar a empresa americana de entregas FedEx e deixou transparecer o tipo de companhia estrangeira que pode ser considerada como “não confiável” pelo governo de Pequim. A investigação sobre a “entrega errada de pacotes” da FedEx é vista como um alerta, depois que o governo do presidente Donald Trump impôs sanções à gigante chinesa Huawei.
Dois pacotes contendo documentos enviados para a Huawei na China e que
vinham do Japão foram desviados para os Estados Unidos, sem autorização, informou a Reuters. Pequim abriu uma investigação porque a FedEx violou as leis e regulamentações chinesas e prejudicou os clientes ao direcionar errado os pacotes, disse a Xinhua, a agência estatal do país asiático.
Para designar uma entidade estrangeira “não confiável”, a China analisará se a firma tem discriminação com as companhias chinesas, de acordo com a Xinhua. Outras considerações serão violações das regras do mercado, quebra de contrato, danos causados a empresas chinesas e ameaças reais ou potenciais à segurança nacional, acrescentou a agência.
As tarifas de retaliação chinesas sobre os produtos americanos começaram no sábado, afetando mais de 2.400 produtos que enfrentam impostos de até 25%, em comparação com 10% anteriormente.
A FedEx pediu desculpas por erros de entrega nos pacotes da Huawei, depois de relatos de que as encomendas foram devolvidas aos remetentes, e a maior empresa de tecnologia da China disse que está revendo sua relação com o serviço de entrega americano.
“Agora que a China estabeleceu uma lista de entidades não confiáveis, a investigação da FedEx será um alerta para outras empresas estrangeiras e indivíduos que violem as leis e regulamentações chinesas”, disse uma rede de televisão chinesa, em um comentário. A FedEx afirmou que valoriza seus negócios na China e sua relação com clientes daquele país, incluindo a Huawei. “A FedEx cooperará totalmente com qualquer investigação regulatória sobre como atendemos nossos clientes”, disse a empresa em comunicado no sábado.

Outros alvos
A China publicará um documento no domingo sobre sua posição nas negociações comerciais com os Estados Unidos. Na última sexta-feira, a China disse que vai elaborar uma lista de “entidades não confiáveis” que prejudicam os interesses das empresas chinesas.
Isso abre a porta para uma ampla gama de empresas de tecnologia, que vai desde as gigantes americanas como Google, Qualcomm e Intel, a fornecedores de outros países que cortaram relações com a Huawei, como a Toshiba.
As tensões comerciais estão se espalhando cada vez mais, aumentando a preocupação com o impacto na economia global. Na última sexta-feira, foi divulgado que a China tem um plano para restringir as exportações de terras raras para os Estados Unidos, se for necessário. Em outra frente, o presidente Donald Trump disse que planeja impor uma tarifa de 5% sobre todos os produtos mexicanos por conta da imigração ilegal.
Com os mercados agitados pelas ameaças e pela retórica comercial, o índice S&P 500 teve seu pior mês de maio em sete anos. Os investidores estão agora aguardando uma reunião entre os presidentes Donald Trump e Xi Jinping no final deste mês, na Cúpula do G-20, no Japão, para uma possível reaproximação e alívio das tensões comerciais.

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