O fluxo global de investimento estrangeiro direto (IED) caiu 20% no primeiro semestre deste ano, em relação ao semestre anterior, afetado pela guerra comercial entre EUA e China. O Brasil foi o quarto maior destino de IED.
Segundo a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), o fluxo global de IED ficou em US$ 572 bilhões entre janeiro e junho. Em todo o ano de 2018, o fluxo tinha recuado 13%, na terceira queda anual consecutiva, pelos dados da Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad).
No primeiro semestre deste ano, a contração no volume mundial de IED é atribuído em parte ao menor investimento na Holanda e nos EUA e a desinvestimentos na Bélgica e na Irlanda. Houve no total queda de 43% no volume de IED nos países desenvolvidos.
Além disso, o investimento chinês nos EUA, que atingiu o pico de US$ 16 bilhões no segundo semestre de 2016, caiu para menos de US$ 1,2 bilhão. Várias empresas
chinesas investiram menos ou venderam ativos nos EUA. “Esses desenvolvimentos refletem, em parte, incertezas causadas pelas tensões comerciais e a futura relação econômica entre os dois países”, diz a OCDE.
A reforma tributária nos EUA, que reduziu o fluxo global de IED em 2018, teve menos efeito agora. Mas o reinvestimento de ganhos das empresas americanas continuaram abaixo da média de 2013-17, talvez refletindo um “novo normal” de empresas com menos incentivos para manter dinheiro em suas subsidiárias no exterior.
Já o fluxo de IED para os grandes emergentes, membros do G-20, subiu 21%, devido principalmente à alta na Rússia, após volume negativo no segundo semestre de 2018, além de mais investimento na China e na Índia, que continuam a ter crescimento econômico elevado.
Os maiores investidores globais foram Japão, EUA e Alemanha nesse período. Por sua vez, os principais destinos desses recursos foram EUA, China, França, Brasil e Índia, nessa ordem (veja tabela).
Na quarta posição, apesar de registrar crescimento econômico modesto, o Brasil atraiu US$ 28 bilhões, ou U$$ 1 bilhão a mais de IED, na comparação com o segundo semestre de 2018. Já na Índia houve aumento para US$ 27 bilhões comparado a US$ 20 bilhões antes. O México, que aparece em décima posição, recebeu US$ 18 bilhões neste ano, ante US$ 11 bilhões no semestre anterior.
Entre janeiro e junho, companhias brasileiras investiram US$ 11 bilhões em outros países. O estoque de investimento direto estrangeiro no Brasil é de US$ 568,7 bilhões. Por sua vez, empresas brasileiras têm estoque de investimentos de US$ 208,4 bilhões no exterior.
https://valor.globo.com/mundo/noticia/2019/10/29/cai-investimento-externo-global-diz-ocde.ghtml