BRICS criam fundo de US$ 100 bilhões para ajuda mútua. Por enquanto, no papel…

Não é todo dia que países concorrentes criam um fundo comum para desenvolvimento mútuo. Mas, ontem, em Durban, na África do Sul, foi anunciado que os países dos chamados BRICS – Brasil, Rússia, Índia, China e a própria África do Sul – chegaram a um acordo sobre a necessidade de criar uma “linha de socorro cambial” para auxílio comum. A proposta é criar essa linha de auxílio em contraponto à ajuda oferecida pelo Fundo Monetário Internacional, que, muitas vezes vem acompanhada de condições e exigências nem sempre aceitas com facilidade pelo governo que pede o auxílio.
É preciso entender os motivos que levaram os cinco países (que representam quase 40% da população mundial) a criar uma espécie de fundo de reserva. Como mostrou matéria do Estadão de hoje (pg B11) a decisão será um compromisso, uma tipo de empenho de cada um desses países de manter um valor disponível para “casos de necessidade”, como por exemplo uma crise no balanço de pagamentos, quando o país sofre uma saída maior de moeda forte (dólar, por exemplo) do que a entrada desses recursos.
A proposta é criar um mecanismo de até US$ 100 bilhões para tornar esse mecanismo operacional. Os países concordaram ser tecnicamente possível criar uma rede de “proteção cambial” para os casos de emergência. Porém, a proposta não será posta em prática imediatamente. O banco de desenvolvimento do grupo deve começar a operar apenas em 2016. A cifra disponível de US$ 100 bilhões inclui maior oferta de recursos por parte da China que detém as maiores reservas cambiais do mundo, da ordem de US$ 3 trilhões.
Um consenso entre os diplomatas e ministros da Economia dos cinco países é que todos os estímulos devem dar prioridade para os investimentos em infraestrutura. O modo de financiar este estímulo será a base deste “banco de desenvolvimento” dos BRICS.
A ideia, que é muito promissora, levará ainda muito tempo para sair do papel. Entre as boas intenções desses acordos internacionais e a realização efetiva das propostas sempre há uma enorme distância. Por enquanto, ocorreram bonitas cerimônias e longos apertos demãos. A conferir quanto tempo será necessário para que os recursos prometidos se transformem , de verdade, em obras.

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