Brasil é uma das economias mais fechadas ao comércio do mundo

Faça o que eu falo, não o que eu faço: o Brasil é a economia mais fechada do G-20 (o grupo dos países mais ricos) e uma das mais protecionistas do mundo. A conclusão é da Câmara Internacional de Comércio, com sede em Genebra, que ontem publicou relatório bianual sobre barreiras às exportações no mundo e os entraves em infraestrutura e burocracia ao comércio.
Em um ranking das 75 maiores economias do planeta, que juntas representam praticamente todo o comércio mundial, o Brasil está em 68ºª posição entre os países mais abertos ao comércio. A liderança do ranking é de Hong Kong e Cingapura, entre as economias mais abertas. Surpresas existem: o Canadá, sempre lembrado como economia aberta, está em 19ª posição. Entre o G-20 nenhuma economia é tão fechada como a brasileira.
O principal motivo da má colocação do Brasil no ranking de economias mais abertas é a política comercial, como mostrou matéria assinada por Jamil Chade no Estadão de hoje, pg B5. Os questionamentos contra a política comercial brasileira ocorreram inclusive na Organização Mundial do Comércio com os EUA e até China questionando práticas comerciais até em áreas agrícolas, setor em que a produção brasileira é considerada uma das mais competitivas do mundo.
A situação não é muito diferente para os demais países dos BRICS, salvo a África do Sul. Os países deste bloco têm indicadores muito abaixo da média mundial em termos de abertura comercial, apesar da expansão econômica alcançada por eles na última década. O G-20 também foi criticado no relatório porque o grupo não “mostra liderança” no combate ao protecionismo. Os líderes do G-20, acusa o relatório, “têm enfatizado de forma consistente a necessidade de abrir mercado, mas nossas pesquisas mostram que eles estão abaixo do que muitos países menores estão fazendo para promover o livre comércio”. O Brasil, portanto, não está sozinho na prática do faça o que falo e não o que faço.

Comentários estão desabilitados para essa publicação