Demorou, mas o bom senso prevaleceu. Os governos brasileiro e americano assinaram acordo para encerrar a disputa comercial do algodão, que se arrastava desde 2002.
O conflito se referia a subsídios que os produtores americanos de algodão recebiam e chegou à Organização Mundial do Comércio. Em 2009, o Brasil ganhou o direito de retaliar os americanos em quase US$ 830 milhões por subsídios fornecidos por seu governo a produtores de algodão, como mostrou matéria da Folha de 01/10.
O chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, e o ministro da Agricultura, Neri Geller, encontraram-se em Washington com o representante de Comércio Americano (equivalente a ministro), Michael Froman, para assinar o acordo que prevê o pagamento de US$ 300 milhões para o Instituto Brasileiro do Algodão ainda neste mês e a decisão americana de não estender garantias de crédito para exportação com prazo superior a 18 meses.
Para o chanceler Figueiredo, essa foi a maior conquista do acordo. No passado, o governo americano estendia garantias a seus produtores por até 36 meses.
No início do ano já havia caído para 24 meses. A redução da garantia se aplica a outros produtos americanos, como milho e soja.
Os americanos já haviam pago US$ 530 milhões aos brasileiros, mas esses recursos tinham uso “engessado”, segundo Geller, só podendo ser gastos em divulgação e promoção. Agora os produtores brasileiros podem investir em logística (transporte e armazenamento) e pesquisa com o novo pagamento.
As mudanças nos subsídios deixarão o produto nacional mais competitivo especialmente em mercados asiáticos, como a Coreia do Sul. O Brasil é o terceiro maior exportador mundial de algodão, atrás apenas de EUA e Índia. As exportações de algodão superaram US$ 1,2 bilhões no ano passado.
Em 2010, foi assinado um acordo temporário que incluiu o pagamento pelos EUA de US$ 147 milhões a um fundo de apoio a produtores brasileiros. Mas a partir de outubro do ano passado, por conta de cortes orçamentários no governo americano, o pagamento deixou de ser depositado.
O Brasil tinha direito pela OMC a ativar retaliações, com tarifas maiores a produtos como eletrônicos e aviões produzidos nos EUA, ou suspender patentes farmacêuticas ou direitos autorais, o que afetaria a relação entre os dois países.