Dossiê Painel Bienal de São Paulo. Arte e Educação “Como falar(…) de coisas que não existem”

Silvana Novaes

A Bienal Internacional de Arte de São Paulo é tradicionalmente a maior mostra de Arte Contemporânea do Brasil e da América Latina. Na sua 31ª edição mantem o diálogo com as grandes mostras Europeias em especial a Bienal de Veneza – a qual foi sua inspiração desde o início –  Berlim e a Documenta de Kassel na Alemanha. Desde sua 1ª edição nos anos 50 a Bienal de São Paulo vem se fortalecendo entre outros aspectos pelo projeto de Educação que está na base estratégica da Fundação Bienal, para dar continuidade das discussões sobre arte contemporânea e também na orientação e educação propriamente dita de alunos da rede pública e privada, além da formação de professores na área de ensino de arte.

Embora essa seja uma tradição, nesta edição o Educativo desempenhou mais que um papel de apoio, esteve presente em todos os estágios da concepção da mostra. A equipe curatorial decidiu colocar a educação no centro. Isso significa envolver as pessoas em um processo de descoberta e transformação, no qual a arte seja um meio de criar possibilidades inesperadas para aqueles que investem seu tempo e energia na experiência.

Os artistas foram escolhidos pelo time de curadores e convidados a trabalhar em conjunto com o Educativo. Os trabalhos nesta Bienal são chamados de “projetos”. A ideia central era a de que os projetos pudessem dialogar com os expectadores e assim torna-los integrantes do processo.

Foi realizado um material Educativo que tem como objetivo gerar ações educativas com crianças e jovens, num processo continuado nas escolas.

Os Projetos podem ser examinados por meio de quatro ferramentas Conceituais:

1-      Coletividade: Em contraste com concepções do processo centradas na figura do artista, O foco foi no trabalho colaborativo entre seus participantes e o fato de que a produção artística necessita de reunião de diferentes pessoas e estruturas.

2-       Imaginação: A habilidade da arte de imaginar as coisas de forma diferente, de  suspender o estado das coisas e apontar para diferentes modos de pensar, perceber, sentir e fazer, é essencial para a nossa tarefa.

3-      Conflito: O estado das coisas é, no mundo que habitamos, uma situação de desigualdade – existe grande diferença de acesso a coisas e pessoas, a plataforma para o discurso e modos de ação, bem como aos direitos. Essa situação não apenas gera conflito, mas, frequentemente, demanda conflito a fim de alterá-la.

4-      Transformação: Esta é uma palavra difícil, mas pode acontecer em escalas e intensidades diferentes. O que é interessante não é colocar em  termos definidos o que resultará ou deveria resultar dessa mudança,  mas refletir sobre a incerteza de todas as transformações, de nos  permitir demorar no momento da transformação, de estar na transição, recusar a ser uma coisa ou outra.

Quem são as pessoas que estarão em contato com 31ª Bienal de São Paulo?

A identidade gráfica da exposição, projetada pela equipe de design da Bienal, em colaboração com o artista indiano Prabhakar Pachpute, pode ajudar a responder a essa pergunta. A imagem está no Cartaz e também no material educativo.

Um convite a ir além do visível. “Como Imaginar coisas que não existem”. Imaginar, um dos tantos verbos usados no tema para provocar a nossa percepção.

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