Bom choque elétrico: baixar conta de luz segura inflação e juro

Quem não gosta de pagar conta de luz menor? O corte no preço da energia elétrica tem outros alvos além do óbvio agrado ao consumidor. O primeiro deles é “abrir um espaço” na inflação para que os juros possam continuar caindo, ou pelo menos permanecerem bem baixos. Este é o ponto importante no “choque elétrico”: segurar a inflação para que juros baixos preservem o crescimento econômico do País em pelo menos 4% ao ano. Apesar da forte crise na economia internacional.
Os primeiro cálculos indicam redução de até 16,2% no custo da conta de luz para residências e de 19% a 28% para as indústrias. Essa redução terá forte impacto no Índice de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, o indicador básico para inflação brasileira. Motivo: energia é item de consumo essencial e afeta a todos indistintamente. Quando energia sobe, todos os preços sobem junto, porque ninguém vive sem ela. O inverso também é verdadeiro. Em termos técnicos, já se abe que em 2013, com essa redução de custo da energia, a inflação anual cairá em 0,56% ponto percentual. Em outras palavras, o governo ficará perto do centro da meta de inflação que é de 4,5% ao ano. Os juros não precisarão subir para “segurar” a inflação.
Há outros alvos no “pacote elétrico”. Os custos de produção na indústria serão reduzidos em 4%. Em números: a tarifa média de energia paga pelo setor industrial deve cair dos atuais R$ 329 por megawatt-hora, para R$ 264. Apesar de que nem todos os setores produtivos serão alcançados pela alíquota máxima de 28%, o benefício será significativo. Os setores mais beneficiados serão os eletrointensivos, ou seja, quem usa muito energia na produção, o setor de alumínio por exemplo.
Com a redução de custo industrial os produtos brasileiros ficarão mais competitivos no mercado externo. Preço de energia é um forte obstáculo para as exportações brasileiras. Basta saber que depois dessa redução de custo a energia elétrica ainda será 143% mais cara que a dos outros países competidores dos BRICS, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Os consumidores residenciais terão uma economia geral já calculada de R$ 7,6 bilhões. A conta de luz das casas pagava o mesmo megawatt-hora 455,20, já bem caro que o pago pela indústria. A redução média na conta de luz será importante: o megawatt custará R$ 75 mais barato. O dinheiro que sobrar da conta de luz será destinado a outro tipo de consumo. O governo espera muito desse recurso para reativar o consumo e com ele o emprego e a renda no próximo ano. Ou seja, a pretensão é aumentar o mercado interno. A explicação dessa decisão passa pela perspectiva de que a crise internacional não diminuirá no próximo ano e, portanto, as exportações não devem crescer. Se o mercado interno aumenta, as fábricas podem continuar a produzir, mantendo emprego e renda, mesmo quando as exportações recuam.
Resumo: muita gente gostou do pacote elétrico. Não era para menos.

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