Com a crise, renasce o separatismo na Espanha

Ninguém consegue realmente prever os desdobramentos da crise econômica européia. Até antigas questões separatistas, começaram a reaparecer. Ontem uma das maiores manifestações pela independência da Catalunha da Espanha paralisou a cidade de Barcelona. A política estimou em 1,5 milhão de pessoas na passeata. Os organizadores falavam em 2 milhões.
A manifestação. Desde os anos 1970, não reunira mais tanta gente. O pedido de dividir o Norte da Espanha, bem mais rico e desenvolvido, do governo central de Madri é bem antiga. A crise econômica, mais a forte recessão que ataca o país provocou a volta do sentimento de independência catalão. Alguns analistas, no entanto, alertam que há sensível manipulação política para justificar erros de gestão e o forte endividamento da região.
É preciso lembrar que a Catalunha tem a maior dívida da Espanha, cerca de 5,500 euros por habitante. Há um mês o governo catalão foi obrigado a pedir um resgate ao governo central no valor de 5 bilhões de euros. Além da dívida, há significativo descontentamento social: em 2008, o desemprego na rica Catalunha era de 6,6%. No segundo trimestre deste ano alcançou 22,5%.
A região da Catalunha tem uma economia equivalente à de Portugal. Madri já avisou que ajudará a comunidade catalã desde que o governo regional aceite o pacto fiscal, ou seja, faça as mesmas reformas que o gabinete conservador de Mariano Rajoy quer que toda a Espanha faça. Uma das principais causas do renascimento do espírito de independência é exatamente esse: o governo catalão de Arthur Mas não quer aceitar esse pacto que significará muitos sacrifícios, como corte de salários de funcionários públicos, corte de subsídios, corte de ajuda aos desempregados, enfim muitas medidas impopulares.
Daí a marcha que ocorre todos os anos, no que é considerado o dia nacional catalão, a manifestação conhecida como Diada em Barcelona, neste ano serviu para fins bem políticos: assegurar que as medidas fiscais definidas por Madri não valerão para Barcelona. A conferir, se não valerão mesmo.

Comentários estão desabilitados para essa publicação