Biden reforça aposta em mais gasto público

O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciará uma proposta de orçamento de US$ 6 trilhões para o ano fiscal 2022, reforçando sua proposta de planos de investimentos em grande escala do governo, com uma aposta de que a inflação recuará após o avanço deste ano. 

O primeiro orçamento do governo Biden, que será anunciado oficialmente hoje, representa um aumento significativo em relação ao último orçamento do governo Trump, para o atual ano fiscal, que foi de US$ 4,8 trilhões. 

Por outro lado, o déficit orçamentário deve cair de US$ 3,1 trilhões para US$ 1,8 trilhão no próximo ano – o último ano do governo Trump foi marcado por um déficit recorde, resultado da queda da receita e aumentos dos gastos por conta da pandemia de covid- 19. Na média, a Casa Branca estima déficits anuais de mais de US$ 1,3 trilhão durante a próxima década, segundo informações antecipadas pelo jornal “The New York Times”. 

A proposta orçamentária da Casa Branca incorpora os planos de gastos de oito anos apresentados pelo presidente: US$ 2,3 trilhões em infraestrutura, US$ 1,8 trilhão do Famílias Americanas e fornece detalhes sobre o pedido de US$ 1,5 trilhão para o Pentágono e agências federais. Os gastos públicos vão subir para US$ 8,2 trilhões em 2031, enquanto a dívida crescerá dos 100% do PIB, previstos para este ano, para 117% na próxima década, superando o recorde do fim da Segunda Guerra Mundial.

A proposta orçamentária presume que a economia americana irá crescer 5,2% neste ano e 4,3% no próximo, antes de se estabilizar a uma taxa anual em torno de 2%. 

Ontem, durante visita a Ohio, Biden defendeu os resultados econômicos do governo e rebateu críticas dos republicanos de que os preços mais altos e a escassez de mão-de- obra já estariam impedindo a recuperação. 

“Com a pandemia recuando, nossa economia está se movendo: 500 mil novos empregos estão sendo criados em média a cada mês, os novos pedidos de auxílio- desemprego caíram quase pela metade e temos um crescimento recorde pela frente”, escreveu Mike Donilon, um dos principais assessores do presidente, em um memorando divulgado ontem antes da viagem de Biden a Ohio. 

A confiança do governo Biden em sua estratégia econômica tem sido desafiada nas últimas semanas por dados que mostram uma alta inesperada dos preços ao consumidor em abril, juntamente com o fraco crescimento do emprego em razão de discrepâncias na retomada do mercado de trabalho. Isso tem gerado críticas duras dos republicanos, de que os gastos excessivos estão levando os EUA de volta à estagflação dos anos 70. 

Mas autoridades do governo argumentam que a turbulência nos preços e empregos se deve à rápida reabertura da economia, um problema que estará resolvido num tempo relativamente curto. Ontem a secretário do Tesouro, Janne Yellen, disse acreditar que a alta de preços será passageira (leia abaixo). 

Após o salto na atividade econômica deste ano, o governo Biden está levando adiante os planos de investimentos adicionais de US$ 4 trilhões em uma década – tanto em infraestrutura física como em gastos sociais -, além de quase US$ 2 trilhões em estímulos de curto prazo para potencializar a recuperação de longo prazo e corrigir o que ele vê como grandes falhas estruturais na economia dos EUA. 

Mas essas esperanças dependem de negociações delicadas entre republicanos e democratas no Congresso. Enquanto isso, a Casa Branca torce para que a inflação alta seja compensada com salários maiores para muitos trabalhadores, à medida que as empresas tentam atrair trabalhadores de volta à força de trabalho com salários melhores, especialmente para as famílias de baixa renda. 

O sucesso ou fracasso das políticas econômicas de Biden poderá ser crucial para as esperanças democratas de manter ou ampliar suas maiorias no Congresso nas eleições legislativas do ano que vem. No memorando de ontem, Donilon disse que, com base em pesquisas, ele ainda acredita que a população apoia muitas das propostas do presidente, mesmo diante da crescente oposição dos republicanos. 

“Quando os republicanos criticam o plano do presidente para reconstruir nossa economia através de investimentos que há muito deveriam ter sido feitos na infraestrutura de nosso país, eles estão criticando o que seus próprios eleitores vêm pedindo há décadas”, escreveu ele. “Quando atacam o plano do presidente de fazer os ricos pagarem suas cotas de impostos, eles estão atacando o senso de justiça do povo americano.” 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2021/05/28/orcamento-de-biden-reforca-aposta-em-mais-gasto-publico.ghtml

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