Avança o acordo global sobre clima e florestas

O acerto, em especial pelas florestas, vale bastante para o Brasil. A mais recente rodada de negociação do acordo climático internacional acabou em Bonn, na Alemanha, com um texto longo, de 85 páginas. Contudo, alcançou um resultado inesperado: concluiu o regime global de proteção às florestas, que vinha sendo negociado há 10 anos e interessa muito ao Brasil.

O mecanismo é conhecido pela sigla Redd+ e trata da Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação. É uma maneira de tentar fazer com que a cobertura florestal mundial seja preservada e restaurada. Países que protegerem as suas florestas receberão recursos para isso, desde que as monitorem e comprovem a preservação. As regras técnicas para tanto foram fechadas em Bonn, como mostrou matéria do Valor, assinada por Daniela Chiaretti, publicada em 12/06, pg A9.

O pacote técnico de proteção das florestas já havia sido quase fechado na reunião de Varsóvia, em 2013, mas restavam três pendências. Agora há ferramentas que indicam como monitorar as florestas e regras que definem como devem ser as salvaguardas para proteger direitos de povos indígenas ou proteger a biodiversidade, por exemplo.

O próximo passo será a conferência de Paris, em dezembro, aprovar o que foi decidido no fórum técnico de Bonn. E definir de onde virão os recursos financeiros para proteger as florestas. “Conseguimos as regras do jogo para Redd+. O próximo passo é implementar o que se decidiu”, afirmou Josefina Brana, diretora de política do programa global de florestas e clima da ONG WWF. “Fechamos um tópico do acordo e isso é importante. Demonstra que o processo multilateral pode funcionar.”

Se no capítulo sobre florestas a rodada de Bonn foi surpreendente, houve poucos avanços em todo o resto do acordo climático global. “O texto do acordo de Paris é um par de óculos por onde todos nós iremos olhar para ver um futuro mais seguro. Mas, neste momento, os óculos estão sujos e é difícil ver adiante”, resumiu Mohamed Adow, conselheiro de mudança do clima da ONG Christian Aid.

“Esperamos que o acordo em Paris acelere a mudança de rota da economia global baseada em combustíveis fósseis para as fontes renováveis de energia e que ajude as comunidades vulneráveis a lidar com os impactos climáticos”, afirmou Aldem Meyer, diretor de política e estratégia da Union of Concerned Scientists.

Em julho, 50 ministros participarão de um encontro em Paris. “Os ministros têm que aproveitar este período para guiar politicamente seus negociadores a retomarem o acordo na próxima rodada”, concluiu Meyer.

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