A Apple ganhou? Ou foi o governo dos Estados Unidos? Nenhum dos dois. Os únicos vencedores da disputa legal entre a Apple e o governo americano sobre o direito de acesso ao iPhone de um terrorista morto, são as companhias de segurança que jogam dos dois lados desse embate.
Algumas trabalham para governos e serviços de inteligência, ajudando-os a obter acesso a telefones e computadores, enquanto outras oferecem seus serviços para empresas e indivíduos interessados em reforçar suas defesas, como mostrou material da Bloomberg, publicada pelo Valor Econômico de 30/03.
Na segunda-feira o FBI desistiu de seus esforços para forçar a Apple a ajudá-lo a quebrar o código do iPhone de um dos atiradores de San Bernardino porque seus serviços não eram mais necessários.
A Apple, que tinha se preparado para lutar contra o pedido até na Suprema Corte, escapou de uma dramática batalha judicial em que ficaria claro até onde ela estaria disposta a ir para proteger as informações sobres os clientes.
A companhia criou a mística de que a segurança não é tanto um problema em seus smartphones quando nos dos rivais, pois eles têm características como a codificação do dispositivo. Com os Estados Unidos anunciando publicamente que pode invadir um dispositivo que anteriormente alegava ser à prova de invasão, essa segurança agora parece ilusória.
Como a Apple controla rigidamente seu ecossistema, há muito menos produtos na loja de aplicativos da empresa projetados para manter seu celular seguro, do que na do rival Google, para seu sistema operacional Android.
Isso não deverá provocar uma onda de aplicativos de segurança para o iPhone, mas poderá ser um presente para as companhias de segurança de capital aberto FireEye e Symantec, que oferecem produtos para proteger dados de consumidores e empresas.
O caso de San Bernardino também lançou uma luz sobre um grupo menos conhecido de empresas de tecnologia que rompe protocolos de segurança para governos e agências oficiais. A companhia de segurança israelense Cellebrite vem ajudando o FBI a acessar o celular do atirador, segundo informou o site Ynet News, embora a companhia e o governo não confirmem isso.
Permanece o desafio, para tribunais e legisladores, de descobrir como equilibrar as necessidades de segurança dos governos com a privacidade dos usuários.