Problemas de mobilidade e ambientais e o surgimento de aplicativos de carona compartilhada mudaram a maneira como a indústria automobilística enxerga seu futuro: com veículos autônomos, elétricos e conectados.
A nova visão tem alterado o foco e a alocação de recursos dentro das montadoras.
“Por anos, a engenharia foi a ciência que pautou a indústria automotiva. Hoje, é a tecnologia da informação. Todo o nosso desenvolvimento nas próximas décadas será em dados”, diz Henrique Miranda, gerente de marketing da BMW responsável pelo Connected Drive no Brasil.
A BMW anunciou, neste ano, a construção de um novo data center em Munique, na Alemanha. O novo centro será dez vezes maior do que o que está sendo usado atualmente pela empresa, como mostrou matéria da Folha de S. Paulo de 16/11.
Miranda descreve como “dramática” a mudança na cultura organizacional nos últimos cinco anos.
No Brasil, a BMW possui hoje cerca de 21 mil carros com um SIM card embutido.
Os veículos conectados oferecem aos clientes serviços como o acionamento automático de uma chamada de emergência em caso de acidente e a telemetria, que indica, de forma personalizada, a necessidade de revisão ou troca de peças.
A expectativa é que o número cresça com rapidez e que a conexão ofereça um número cada vez maior de serviços.
A tendência representa um novo desafio para o setor: o processamento e gerenciamento de um volume de dados muito grande.
“Dificilmente os computadores tradicionais vão conseguir gerar e gerir a quantidade de informações e dados necessárias para que um sistema de carros autônomo aderido em larga escala, por exemplo, funcione”, diz.
SOLUÇÃO QUÂNTICA
Para solucionar o futuro problema, a Volkswagen investiu, no primeiro semestre neste ano, em uma tecnologia ainda em desenvolvimento: a computação quântica.
A novidade é o uso de princípios da física quântica para realizar cálculos complexos com uma grande quantidade de variáveis em uma velocidade superior à de computadores digitais (veja abaixo).
O novo computador, de preço estimado em US$ 15 milhões, da empresa canadense D-Wave, está sendo usado para projetos experimentais.
Um deles buscou calcular uma rota otimizada para 10 mil táxis em Pequim, cidade de 20 milhões de habitantes (quase o dobro de São Paulo) e com 5 milhões de veículos.
O serviço testado é diferente do oferecido por aplicativos de informação de trânsito em tempo real, como o Waze. Enquanto um apenas informa qual a rota com menor tráfego, o outro calcula, de forma simultânea, qual caminho todos os carros devem percorrer para chegar ao local desejado de forma que o trânsito nunca se forme.
De acordo com Florian Neukart, diretor de dados da empresa, a tecnologia pode ser utilizada, no futuro, em outras aplicações que exigem grande processamento de dados em tempo real, como no caso dos carros autônomos.