Amazon quer criar o “entregador amador”

Em busca incessante para acelerar suas entregas, a Amazon.com quer transformar os Estados Unidos em um país de entregadores. A varejista de Seattle está desenvolvendo um aplicativo para dispositivos móveis que, em alguns casos, pagaria pessoas comuns em vez de transportadoras como a United Parcel Service para entregar mercadorias, segundo pessoas a par do assunto.

A ideia é registrar lojas físicas em áreas urbanas para armazenar as mercadorias, provavelmente pagando um aluguel pelo espaço usado nessas lojas ou uma tarifa por mercadoria, dizem as fontes. O prazo para a Amazon implementar o serviço, conhecido internamente como “On My Way” (“No meu caminho”, em tradução livre), não foi revelado, e é possível que o projeto não seja levado adiante, como mostrou material do The Wall Street Journal, assinada por Greg Bensinger, publicada no Valor Econômico de 17/06, pg B 9

Uma porta-voz da Amazon não quis comentar.

O serviço pode dar à Amazon maior controle sobre a experiência de compra e ajudar a conter os custos de entrega que subiram 31% em 2014, mais que a receita. E pode ampliar seu poder de negociação com grandes transportadoras.

Mas o conceito enfrenta muitos problemas, desde como a Amazon irá avaliar os entregadores até se as lojas físicas do varejo vão cooperar com a rival. As grandes transportadoras são eficientes. O custo médio de entrega de um pacote nos EUA via UPS custa cerca de US$ 8. A Amazon envia em média 3,5 milhões de pacotes por dia, segundo a SJ Consulting Group, então ela precisaria de muitos transportadores para ter um impacto significativo. Ainda não está claro quem seria responsável se os pacotes forem danificados ou extraviados.

“Há uma certa lógica na ideia, mas parece que há muita coisa que pode dar errado”, diz Marc Wulfraat, diretor- superintendente da consultoria de logística MWPVL International. “Como evitar que essas pessoas simplesmente peguem as mercadorias para elas em vez de entregá-las?”

Se a Amazon seguir com o plano, ela se unirá a outras empresas que estão experimentando a chamada entrega compartilhada, usando trabalhadores contratados por serviço, como a Deliv e o Uber Technologies. O Google e o eBay estão testando serviços de entrega no mesmo dia com trabalhadores contratados.

O WalMart Stores considerou brevemente em 2013 usar um programa de entrega compartilhada que tornaria os clientes de suas lojas entregadores de mercadorias.

Mas até agora ninguém foi capaz de desafiar de fato as gigantes do mercado de entregas expressas ou as transportadoras regionais que fazem a parte final e mais cara do transporte.

A própria Amazon já tentou uma variedade enorme de opções. Em várias cidades americanas, a empresa usa mensageiros de bicicleta para as entregas em até uma hora do serviço Prime Now e contratou transportadoras para seu serviço de entrega de produtos de supermercado no mesmo dia. Ela está construindo sua própria rede para ocupar o lugar da UPS e contratou o serviço do correio americano, o Postal Service, para entregas aos domingos e de produtos de supermercado no início da manhã. E está desenvolvendo drones aéreos para entrega de pacotes.

No ano passado, a Amazon testou a entrega de mercadorias em San Francisco com táxis e veículos do Uber, pagando cerca de US$ 5 por pacote. Foi uma experiência para calcular a viabilidade e o custo dessas entregas e ela não foi ampliada, dizem fontes.

O projeto “On My Way” surgiu quando a Amazon pensou em um serviço de táxi sob demanda chamado “Rides” (Corridas, em tradução livre), similar ao Uber ou Lyft, segundo pessoas a par do assunto. Elas dizem que o projeto está suspenso.

A entrega compartilhada pode ajudar a Amazon a lidar com os problemas de entrega que enfrentou no fim de 2013, quando teve que ressarcir clientes por mercadorias não terem chegado a tempo para o Natal. No ano passado, os custos de entrega da Amazon saltaram de US$ 2,07 bilhões para US$ 8,7 bilhões, ou 9,8% das vendas, ante 8,9% no ano anterior.

Um grande desafio será fechar acordos com as lojas físicas de varejo para obter espaço de armazenamento. Ela pode adotar o exemplo da UPS, que tem um serviço em Nova York e Chicago que usa pequenos varejistas como pontos de retirada para que os clientes não precisem estar em casa para assinar o recebimento das encomendas. A UPS paga ao lojista uma tarifa por pacote.

A Amazon tem uma rede de pontos de retirada instalados em lojas de conveniência, supermercados, estacionamentos e outros lugares onde os clientes podem pegar as mercadorias ou fazer devoluções. Ela aluga o espaço e os varejistas se beneficiam com o maior movimento de pessoas.

Detalhes das tarifas do “On My Way” ainda estavam sendo discutidos, como se a Amazon pagaria em dinheiro ou crédito para ser usado em seu site, dizem as fontes.

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