Rose Mary Lopes
No Brasil parece ainda serem poucas as Instituições de Ensino Superior em que a manutenção do vínculo dos ex-alunos com suas escolas de origem é cultivada como um recurso poderoso. Pelo menos comparativamente à tradição americana.
Vale enfatizar que os ex-alunos compõem um patrimônio muito importante, pois os egressos, em suas trajetórias, ocupam diversas posições na sociedade, acumulando um capital social fantástico. Além de outros recursos.
Estes recursos envolvem conhecimento, abertura de portas, rede de relacionamento, doação de dinheiro, recursos financeiros para bancar atividades de alunos, bolsas de estudo ou de auxílio para alunos carentes, financiar projetos, participação de alunos em competições, em viagens de estudos e de pesquisas.
Os ex-alunos podem colocam a si mesmos como palestrantes ou mentores. E podem ajudar os pleitos da escola junto a governos e outras instituições, ou mesmo perante a sociedade. Podem abrir as portas de suas empresas para estágios e para pesquisa. Ou fazer com que suas empresas apoiem iniciativas dos alunos e da escola.
No Brasil, a Associação dos Diplomados da Universidade Federal de Itajubá existe pelo menos desde 1938. E, desempenhou um importante papel na luta pela federalização, ocorrida em 1956, do antigo Instituto Eletrotécnico e Mecânico de Itajubá – IEMI. Que foi fundado em 1913 pela iniciativa empreendedora de Theodomiro Carneiro Santiago, com recursos de seu pai Coronel João Carneiro Santiago Júnior.
A Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EAESP), que foi fundada em 1954 por um esforço de empresários, governo e com a cooperação da Michigan State University, talvez até mesmo por influência desta última, teve a fundação da Associação dos Ex-Alunos da FGV ao mesmo tempo.
Esta Associação dos Ex-Alunos da FGV procura criar oportunidades de desenvolvimento profissional via oferecimento de cursos e outras formas de estudos e pesquisas, além da rede de relacionamento.
Muito comumente as associações de ex-alunos se posicionam no sentido de ajudar na aproximação com a comunidade de alunos e apoiá-los no ingresso no mercado de trabalho, no desenvolvimento profissional. Ajudam bastante na atualização e fortalecimento de competências técnicas, ou mesmo em culturais e até incentivam a cidadania responsável. Como é o caso da Alumni ESPM, fundada em 2000.
Mas, como o mundo mudou, e as perspectivas de carreira também, insere-se aí a oportunidade de ampliar o escopo e mostrar também as trajetórias empreendedoras dos ex-alunos. Como forma de inspirar e incentivar os alunos nesta outra carreira.
Assim, as escolas podem e devem estimular a cooperação e engajamento do alumni empreendedor, trazendo-o para contatar e conversar com os alunos, nos formatos de palestra, bate-papo ou painel. Eles são modelos inspiradores, podem esclarecer sobre decisões, pontos importantes ou críticos em seus empreendimentos e compartilhar lições e aprendizagens.
Seus negócios ou ONGs podem ser alvo de estudos de caso, quer pelos professores, ou melhor ainda, por alunos com a orientação dos professores. Deste modo, além da criação de material didático, os alunos têm chance de aprender em contato direto com o empreendedor ou com seu negócio. Certamente são lições vivas que nunca mais esquecerão.
Pode-se aproveitar os estudos de caso desenvolvidos para ter o alumni empreendedor ao vivo na sala de aula. A condução do estudo de caso seguiria os passos recomendados por esta metodologia. Após os debates dos alunos, o próprio empreendedor estaria lá para esclarecer sobre a ação real na situação enfocada, comparando a solução que deu com a proposta pelos alunos.
Ou os ex-alunos empreendedores podem contribuir ao trazer situações e problemas para serem trabalhados, debatidos, desenvolvidos pelos alunos como base para trabalho de disciplinas ou de competições. Em semanas ou feiras de empreendedorismo a presença deles motivará ainda mais os alunos a participar.
Podem ainda contribuir como mentores para desafios empreendedores, startup-weekends ou incubadoras onde irão aportar sua experiência e conhecimento nos diversos aspectos das oportunidades de negócios enfocadas, com uma perspectiva prática. Há casos em que os ex-alunos podem até ser investidores em negócios constituídos por alunos.
Enfim, há muitas possibilidades de fortalecer a aproximação e a cooperação dos ex-alunos empreendedores com a sua escola de origem. O alunado agradece. Trata-se de recurso que merece ser melhor aproveitado pelas faculdades e universidades para alavancar mais o potencial empreendedor dos jovens.