Alemanha entra em recessão no primeiro trimestre 

A Alemanha entrou em recessão durante o primeiro trimestre do ano, com as famílias cortando gastos diante dos preços muito elevados de energia e alimentos. 

A maior economia da Europa encolheu por dois trimestres consecutivos, o que se enquadra na definição técnica de recessão. Com isso, a zona do euro como um todo também pode ter se contraído no primeiro trimestre.

As notícias sobre a economia alemã não alteram de maneira fundamental as perspectivas dos economistas para o país, e é provável que qualquer queda eventual na produção da região como um todo tenha sido modesta. 

Ainda assim, a notícia de uma recessão na zona do euro esfria o recente otimismo em torno das perspectivas econômicas da União Europeia (UE). Também pode inspirar maior cautela do Banco Central Europeu (BCE), que se prepara subir ainda mais o juro. 

“Uma recessão técnica significaria uma mudança na narrativa geral sobre o quanto a economia da zona do euro tem sido resiliente nos últimos trimestres”, disse Bert Colijn, economista do ING. 

A agência de estatística da Alemanha informou ontem que o Produto Interno Bruto (PIB) — uma medida ampla dos bens e serviços produzidos por uma economia — encolheu 0,3% no primeiro trimestre em relação ao quarto trimestre de 2022. A estimativa inicial era de crescimetno zero no primeiro trimestre após uma contração de 0,5% no quarto trimestre. 

A contração no PIB foi atribuída à queda de 1,2% no consumo das famílias alemãs, refletindo a queda no seu poder de compra com o forte aumento nos preços dos alimentos. Em março, as famílias alemãs gastavam 21,2% a mais com alimentos do que um ano antes. 

Nos meses imediatamente posteriores à invasão da Ucrânia, economistas alertaram que a Alemanha corria um grande risco de entrar em recessão, dada sua dependência do gás natural russo. Os dados do início do ano pareciam indicar que a Alemanha conseguiria evitar esse destino. 

Mas o PIB revisado do primeiro trimestre confirmou que a quarta maior economia do mundo caiu em recessão, embora essa contração não seja tão severa quando se temia quando Moscou cortou o fornecimento de gás em 2022. 

Pesquisas de empresas apontaram para uma volta ao crescimento na Alemanha neste trimestre. Mas o impacto dos custos mais altos do crédito e as indicações de fraca demanda externa indicam o risco de uma nova contração no terceiro trimestre. 

“As taxas de juro mais altas continuarão a pesar sobre o consumo e o investimento, e as exportações também podem sofrer em meio à debilidade econômica em outros mercados desenvolvidos”, disse o economista da Capital Economics Franziska Palmas, cuja expectativa é de quedas no PIB tanto no terceiro como no quarto trimestre. 

Caso as estimativas de crescimento em outros países da zona do euro continuem inalteradas, a nova medida do PIB da Alemanha sugere que a economia do bloco como um todo se contraiu ligeiramente no primeiro trimestre. A estimativa inicial da agência de estatística da UE é de um crescimento de 0,1%, depois de ficar estável no último trimestre do ano passado. 

https://valor.globo.com/mundo/noticia/2023/05/25/pib-contrai-03percent-no-primeiro-trimestre-e-alemanha-entra-em-recessao.ghtml

Comentários estão desabilitados para essa publicação