A Alemanha pode ser o futuro destino da produção de muitas pequenas e médias empresas brasileiras. Parece exagero, mas não é. Normalmente quando se pensa em exportação, sempre a ideia parece pertencer só a grandes empresas. Em especial, se o destino imaginado for a tecnologicamente muito desenvolvida Alemanha. O curioso é que esse quadro passou a ter boa possibilidade de mudar. E não por iniciativa apenas brasileira.
Como mostrou o Valor Econômico, edição de 13 de maio, pg A2, os alemães querem acelerar uma nova onda de cooperação econômica, com ênfase em “joint-ventures” entre pequenas e médias empresas dos dois países em torno do desenvolvimento de tecnologias. Poder para esta pretensão existe de fato: empresas alemães têm projetos de 8 a 10 bilhões de euros no Brasil para o período 2013~2016. E a cifra poderá ser bem maior com a intensificação das joint-ventures. Com um “facilitador” forte: ontem começou o “Ano da Alemanha no Brasil”; serão mais de mil eventos nos próximos 12 meses.
O primeiro evento será um encontro econômico bilateral com foco em oportunidades de negócios. Para pequenas e médias empresas. Há espaço para projetos em infraestrutura, energia e , principalmente, inovação. E o sentido desta última palavra é bastante amplo, incluindo as diferentes formas da chamada economia criativa.
Desde 2010, cerca de 200 novas empresas alemãs se fixaram no Brasil 90% delas pequenas e médias empresas. A Confederação Industrial da Alemanha estima que 1,5 mil companhias almas atuem no Beasil atualmente. O estoque de investimentos é da ordem de US$ 30 bilhões, sem considerar os investimentos através de terceiros países, que ocorrem com capital alemão.
A oportunidade é perfeita, inclusive, para reequilibrar o déficit comercial do Brasil com a Alemanha que cresceu muito nos últimos anos. Em 2008, o déficit brasileiro foi de US$ 3,2 bilhões; no ano passado chegou a US$ 7 bilhões, dobrou em cinco anos. As importações brasileiras da Alemanha nesse período aumentaram 18% e, curiosamente, as exportações para a Alemanha caíram os mesmos 18%. Não foi só minério de ferro, café e aço que vendemos menos. Carros foram o que perderam mais mercado: em 2008 o Brasil vendeu US $ 1,3 bilhões em automóveis para o mercado alemão. No ano passado vendeu menos de US $ 60 milhões. Reequilibrar esse comércio não precisa ser necessariamente via grandes empresas. Esta é uma boa oportunidade, especialmente para quem tem empresas criativas.