Formado em design, o executivo Joe Gebbia alugou para um desconhecido a sala de sua casa. Apesar de ter passado a noite em claro, preocupado e com a porta do quarto trancada, a experiência o levou mais tarde a criar uma das empresas que mais crescem no Vale do Silício e no mundo, incluindo Brasil, onde o Rio virou seu quarto maior mercado.
Lançado em 2008, o site Airbnb conecta pessoas em busca de hospedagem com outras que têm espaços para alugar –pode ser um quarto, um imóvel todo ou até barcos e castelos–, cobrando uma taxa de 3% do anfitrião. Hoje, há mais de 1,5 milhão de hospedagens em 34 mil cidades e 190 países. No Brasil, a empresa virou a parceira oficial dos Jogos Olímpicos para “acomodação alternativa”, como mostoru material da Folha, em 19/02 assinada por Fernanda Ezabella.
Além da expansão global, a empresa quer atacar outras frentes nos próximos anos, indo além da acomodação. ”Queremos ter mais presença na viagem. Hoje, somos apenas uma parte. Queremos aplicar nosso expertise em design para participar de todo o processo”, disse Gebbia. Ele, no entanto, não detalhou de que forma ocorreria essa expansão.
“Na Copa do Mundo, percebemos um aumento grande no Rio. Foi a prova de que podemos ajudar cidades a expandir temporariamente a acomodação para eventos assim”, disse Gebbia, acrescentando que um em cada cinco estrangeiros que foram à Copa ficaram num Airbnb.
O próprio executivo de 34 anos, formado em design e com patrimônio avaliado pela “Forbes” em US$ 3 bilhões, ficou num Airbnb quando visitou o país no ano passado.
“Não fico num hotel faz mais de oito anos”, comentou, após dar uma palestra no TED, evento anual que reúne ideias inovadoras.
Como em outras empresas da nova economia compartilhada, o Airbnb causa debates em diversas cidades, que tentam regulamentar, banir ou taxar a atividade. Em San Francisco, sede da companhia e onde chegou a ser proibida, anfitriões têm de se registrar na prefeitura e pagar 14% de imposto hoteleiro.
“Quando as cidades entendem que é bom para sua economia, passam a nos amar”, afirmou Gebbia, citando estudos de impacto em Montréal (Canadá), por exemplo, onde hóspedes do site deixaram o equivalente a R$ 157 milhões em gastos como compras, comida e hospedagem em um ano. “Pagar taxas faz parte da vida cívica. Para o Airbnb ganhar, ninguém precisa perder.”
Nem mesmo a tradicional indústria hoteleira parece perder. Apesar de reclamações de hotéis de Nova York, o setor vem há anos apresentando crescimento pelo mundo.
Gebbia diz que a empresa não irá abrir capital e não comenta lucros. “Estamos focados em crescimento”, afirmou. No final de 2015, o site levantou US$ 1,5 bilhão em investimentos.