Quer viaje a negócios ou a lazer, Tad Milbourn, executivo-chefe da startup de tecnologia Payable, de São Francisco, fica em uma propriedade do Airbnb sempre que possível. “É legal demais ficar na casa de alguém em vez de um hotel. E muito melhor do ponto de vista de preço, experiência e novidade.”
A Payable ajuda os clientes a gerenciar seus pagamentos, por isso Milbourn é particularmente sintonizado com os serviços que o Airbnb desenvolveu para viajantes de negócios, e incentiva seus dois funcionários que viajam a também usar o Airbnb e seus serviços, entre eles a capacidade de rastrear o paradeiro de funcionários e de gastos e de pagar as despesas com cartão de crédito empresarial. Milbourn é um dos muitos viajantes de negócios que agora escolhem o Airbnb ou outros serviços de compartilhamento, como o HomeAway e o VRBO, em vez de hotéis convencionais, como mostrou matéria do The New York Times, assinada por Jane L. Levere, publicada no Estadão de 4/09.
Relatório divulgado em julho pela Concur, empresa de gestão de viagens e despesas, revelou que o número de noites que seus 42 milhões de clientes de viagens de negócios passam em acomodações compartilhadas subiu mais de 50% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2015.
O Airbnb cultiva essa clientela ativamente, tendo recentemente fechado acordos com três grandes operadoras de turismo nos Estados Unidos: American Express Global Business Travel, BCD Travel e Carlson Wagonlit Travel.
Nesses acordos, o Airbnb enviará dados sobre as despesas e os itinerários dos viajantes para as operadoras, que por sua vez, vão partilhar a informação com os empregadores de seus clientes viajantes. Os empregadores podem então usar esses dados para monitorar os gastos e as viagens dos funcionários e localizá-los caso haja emergência.
Mas alguns viajantes de negócios que usaram o Airbnb, especialmente aqueles cujos chefes reservaram a acomodação para eles, avisam que surpresas ruins podem às vezes acontecer.
Alexa Pothier, consultora em Boston de uma empresa de software em Palo Alto, Califórnia, que usou o Airbnb ocasionalmente durante as férias com resultados positivos em geral, teve um desfecho diferente em uma viagem de negócios em 2014, quando ficou em um apartamento de um quarto no bairro de Shoreditch, em Londres.
O proprietário possuía um pequeno negócio na loja do térreo, que Alexa precisava percorrer para chegar às escadas. Embora o apartamento fosse espaçoso, ela se assustou com um rato que “cruzou o sofá em disparada”. E a janela do quarto dava para uma rua barulhenta, que a forçou a usar tampões de ouvido que o proprietário havia deixado ao lado da cama.
Mas uma razão, talvez, para usar os serviços de viagens de negócios do Airbnb, incluídos em listas “Pronto para o Trabalho”, são as acomodações voltadas para necessidades específicas dos viajantes de negócios. Para se qualificar, o local deve atender a diversos critérios, incluindo boas avaliações de clientes; check-in 24 horas; casa ou apartamento inteiros, não compartilhados com o proprietário; disponibilidade de Wi-Fi e um espaço de trabalho conveniente; além de ferro de passar, secador de cabelo e outras comodidades.
Chip Conley, chefe da hospitalidade global e estratégia do Airbnb, disse que mais de 70 mil empresas haviam feito reservas através do Airbnb para Negócios, programa introduzido em 2015 que oferece recursos extras e ferramentas de gestão de viagens.
Alguns profissionais do setor de viagens de negócios reconhecem os benefícios potenciais do uso de serviços como os do Airbnb e veem algumas desvantagens. As ofertas acessíveis do Airbnb poderiam ajudar os participantes de convenções e reuniões preocupados com o orçamento, disse por e-mail Deborah Sexton, presidente e executiva chefe da Associação de Profissionais de Gestão de Eventos.
Mas, dependendo da localização, uma propriedade do Airbnb pode não ser a opção mais conveniente para um viajante de negócios.
“Uma das maiores vantagens de um hotel é a sua localização central. Para os participantes que ficam em propriedades do Airbnb em diferentes bairros, chegar para a conferência de manhã cedo ou ficar na recepção até tarde da noite pode ser mais difícil”, disse Deborah.