Seca nos EUA pode alterar o crescimento das grandes cidades no Brasil?

O agravamento da seca nos Estados Unidos, em especial nas áreas de maior produção agrícola, provocou subida nos preços das commodities agrícolas. Os produtores brasileiros ficaram atentos, porque o fato poderia significar maiores lucros. Agora, o sucesso da produção agrícola brasileira – que terá mais mercado externo para ocupar – começa a gerar também preocupações: como escoar toda a safra que o Brasil produzirá.
Alguns já notaram que essa será uma boa preocupação. Ao contrário dos EUA, o clima ajudou neste ano no Brasil e os dois produtos de maior exportação, soja e milho, terão safras recordes. No caso da soja, a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) estima colheita de mais de 80 milhões de toneladas, a maior produção brasileira na série histórica da companhia, que deve superar pela primeira vez o volume da produção norte-americana.
Não é diferente com o milho. No total consolidado para este ano, a produção de milho deve ultrapassar 69 milhões de toneladas, nas primeira e segunda safra do ano. Esse volume representa crescimento de 21% em relação a safra anterior.
Resultado desse processo: a exportação brasileira de commodities agrícolas terá forte expansão. De janeiro a junho deste ano, só as vendas externas de farelo de soja cresceram 35%.
Esse fato indica problemas novos para a economia brasileira. Descobrir como produzir mais commodities agrícolas já é uma questão de ontem. Agora é preciso descobrir como melhorar a logística de escoamento dessa produção. Em outras palavras: o agronegócio brasileiro agora precisa discutir infraestrutura, tanto a que pede melhor armazenamento dos grãos até a demanda melhores meios de transportes.
Esse é um bom problema: ter boa produção e precisar discutir os meios de escoá-la. O sucesso do agronegócio abrirá sério debate sobre a opção de transporte preferencialmente rodoviário no Brasil. As opções ferrovia e transporte fluvial de carga agrícola voltaram à ordem do dia. Essas mudanças terão grande impacto na redistribuição do desenvolvimento regional brasileiro. Inclusive no perfil de crescimento das grandes cidades do País.

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