Os salários no Brasil subiram mais que a média mundial. Uma boa notícia. Porém, a produtividade do trabalhador brasileiro não acompanhou o aumento da renda. E isto não é bom.
Em média os salários no mundo subiram 1,2%, em 2011. No Brasil, esse aumento foi de 2,7% no ano passado, depois de crescer mais de 3% ao ano, desde 2004. Com a violência da crise econômica, a renda do trabalhador nos países mais industrializados caiu 0,5% diante da recessão. Em alguns casos, essa redução foi muito alta, caso da Grécia, que no ano passado viu os salários despencarem 15%, ou da Espanha com recuo de 4%. Mesmo países muito ricos, como a Inglaterra, enfrentaram perda de renda salarial de 6% no ano passado. Os dados são da Organização Internacional do Trabalho.
O problema no caso do trabalhador brasileiro está na produtividade. Como mostrou matéria do Estadão, de 8 de dezembro, página B10, a média de expansão anual foi de 2,2% nos ganhos de produtividade desde 2004 até 2011, enquanto, como já se viu, os salários neste mesmo período subiram 3% ao ano. Nos países ricos a produtividade aumentou duas vezes mais que o salário. Com alguns casos extremos, como o da Alemanha em que a produtividade subiu 25% neste mesmo período, enquanto os salários apenas recompunham a perda da inflação, portanto, ganho real zero.
Há outro lado nessa moeda: a OIT diz que ainda é grande a diferença entre o que recebe um operário no Brasil e seu colega de um país rico. Segundo os dados da entidade, um funcionário de indústria no Brasil ganha US$ 5,50 por hora, bem menos do que paga Portugal ou Argentina, economias bem menores. Na Grécia, que enfrenta forte crise, apesar do recuo nos salários, a mesma hora trabalhada vale US$ 13. Nos EUA vale US$ 23.
A questão da produtividade no trabalho é muito importante, mas exige sério debate. Produtividade tem tudo a ver com dois aspectos: inovação tecnológica da empresa e capacitação educacional do trabalhador. No Brasil estes dois itens enfrentam problemas. Este, sem dúvida, é um bom debate.