Os muçulmanos ganharam a eleição no Egito. E agora?

A festa na  Praça Tahrir, no Egito, foi bem grande quando o resultado da eleição presidencial foi anunciado. A Comissão Eleitoral comunicou que o candidato Mohamed Morsi, ligado à Irmandade Muçulmana ganhara a eleição com 51,7% dos votos.

Os partidários de Morsi fizeram a festa no Cairo e em todas as grandes cidades do país. Na Faixa de Gaza, na fronteira com Israel, milhares de pessoas saíram nas ruas não só atirando para o alto (como é costume nas comemorações por lá) como distribuindo doces para festejar a vitória da Irmandade Muçulmana. Nessa região manda o Hamas, com visão mais radicalizada do que a Irmandade sobre o direito dos palestinos, inimigos dos israelenses. Festejar com tanta vontade a vitória da Irmandade pode ser entendido como sinal de moderação.

Porém, a vitória de Morsi também pode ser um “marco ambíguo” para a chegada democracia no Egito. Morsi ganhou do general brigadeiro Ahmed Shafiq, de certa forma um representante da Junta Militar que governa o país desde a deposição de Mubarak. O governo militar, portanto, reconheceu a vitória de Morsi e dos muçulmanos. Mas, ele governará com autoridade bem limitada e sem Constituição votada. A Carta Maior em vigor no Egito foi ditada pela junta militar.

Mohamed Morsi é um engenheiro de 60 anos doutorado nos Estados Unidos e professor da Universidade de Zagazig no Egito. Morsi tem experiência parlamentar, quando liderou a Irmandade durante o governo Mubarak. Na campanha, Morsi prometeu que o Alcorão seria a base da futura Constituição. Mas, afirmou também que não pretende revisar o tratado de paz assinado pelo Egito com Israel.

O novo presidente egípcio é conhecido por sua moderação. Esse perfil, provavelmente explique porque os militares do país concordaram em aceitar sua vitória nas eleições  presidenciais.

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