A Peugeot-Citroën francesa e a GM americana anunciaram, em Paris, o início de uma “parceria industrial”. É um jeito educado de dizer que este não é ainda o anúncio da fusão, tão esperada pelos acionistas das duas companhias e pelos mercados financeiros europeus, mas é o primeiro passo. A Peugeot e General Motors dizem que a parceria já tem definições bem precisas: criação de quatro veículos projetados a partir de plataformas comuns.
O perfil do acordo é bem europeu. Em fevereiro a montadora francesa e a Opel alemã, subsidiária da GM americana, anunciaram a primeira fase da parceria. A explicação dessa iniciativa era bem simples: queda nas vendas e excesso de capacidade produtiva. O anúncio da sinergia entre as duas companhias foi prejudicado porque na semana passada a crise do banco da montadora francesa exigiu um socorro de cinco bilhões de euros por parte do governo francês como garantia para a sobrevivência do banco, braço financeiro da montadora.
As duas empresas falaram de “aliança estratégica mundial” e estabeleceram a implantação de “etapas chave” para esta fusão. No primeiro momento, 4 projetos industriais serão desenvolvidos em parceria: um veículo mono espaço, o futuro Peugeot 508; um compacto da Opel, baseado na plataforma do C3 da Citroën; um subcompacto de baixo consumo e o station wagon de luxo.
A crise econômica provoca, de fato, soluções antes improváveis. E, no mínimo, inesperadas. No mercado financeiro, porém, a reação não foi das melhores porque, se a fusão era vista como uma “boa solução”, o fato do Estado francês ter sido obrigado a socorrer a companhia foi entendido como “banho de água fria” na probabilidade de novos ajustes nos custos de produção.
Alguns analistas apontaram que a anunciada fusão sugere que a indústria automobilística tem mais chances nos países emergentes do que nos países de industrialização mais tradicional. Na mesma semana em que a fusão das montadoras foi anunciada na Europa a imprensa especializada avisou que nove montadoras manifestaram interesse de abrir fábricas no Brasil. A conferir.