Inflação explica decisão de adiar o fim do corte no IPI para carros.

O presente que o setor esperava só para semana que vem chegou ontem na abertura do Salão do Automóvel em São Paulo. A presidente Dilma Rousseff anunciou a prorrogação do corte do Imposto sobre Produtos Industrializados, o IPI para automóveis até o final do ano,
O primeiro corte no imposto foi anunciado em maio para durar até 31 de agosto, mas acabou prorrogado até 31 de outubro. Agora, o fim do benefício foi adiado mais uma vez. O IPI para modelos nacionais com motor 1.0 foi zerado. Para os motores até 2.0 que é de 11% a 13%, o imposto caiu à metade. Na prática, os preços ao consumidor foram reduzidos de 5% a 10%.
Com a redução do IPI, o setor estima que fechará este ano com vendas de 3,8 milhões de veículos, 5% a mais do que em 2011. Os executivos das empresas não esconderam o alívio com o anúncio da presidente, mas não deixaram de manifestar preocupação com a retomada das vendas. Por exemplo, o anúncio antecipado pela presidente acabou com a hipótese de campanhas especiais de vendas neste final de semana.
Em agosto, quando estava perto o fim do desconto no IPI, foram vendidos 420 mil veículos, o melhor mês de vendas da história da indústria automobilística. Em setembro, sem a pressão do final da redução, as vendas caíram 30%. Na primeira quinzena de outubro as vendas voltaram a cair 10% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Alguns analistas apontaram que a decisão do governo de reduzir o IPI tem como motivo o controle da inflação. Se a desoneração acabasse até o final do mês, provavelmente as montadoras iriam aumentar o preço dos veículos com impacto significativo nas taxas de inflação. Como estes índices já estão muito pressionados com as vendas do final do ano, o governo preferiu diminuir os riscos de um salto excessivo nos preços. Alguns economistas já calcularam que o final do IPI empurraria os índices inflacionários para muito perto dos 6% no ano.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, foi bem direto na avaliação da medida de redução do IPI: “não queremos ver subida de preços neste final de ano. Queremos que os preços continuem baixos”.

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