O que você acha de trocar privacidade por descontos na hora de comprar sabonetes? A ideia é muito simples e segundo os donos de certas redes de supermercados norte-americanas ela simplesmente substitui o velho e muito usado cupom de compra. Ou seja, mais cupom, preço mais barato. Agora essa relação ficou apenas eletrônica. Pode não ser bem deste modo.
Em termos práticos: um consumidor acostumado a comprar água mineral de determinada marca concorda em ceder dados de seu cartão de fidelidade. Como ela pode provar que sempre compra produtos de determinada marca, o preço da água para ela é 20% menor. É só para ela e o desconto aparece no preço da compra no caixa.
A rede Safeway deu nome exato: Programa de Personalização de Compras. Por enquanto, a rede apenas divulgou as ofertas personalizadas, mas já visou que poderá ajustar os preços a partir dos hábitos que identificar nos consumidores É fato que locadoras de carro ou hotéis oferecem preços variáveis há muito tempo. Os preços obedecem à capacidade ou momento de uso e são oferecidos a grupo de idosos ou a usuários frequentes, por exemplo.
A proposta é diferente. Para melhorar margens de lucro as redes oferecem preços com base nos estilos de vida ou comportamento dos compradores de forma a encorajá-los a comprar em determinada época Por exemplo, se o consumidor informa que tem filhos adolescentes o preço da mortadela cai para ele. Em troca ele deve consumir outros produtos daquela marca.
O modelo de precificação poderá substituir as etiquetas padronizadas de preço. O uso de dados de compras pode suscitar preocupações com privacidade de alguns consumidores apontou matéria do The New York Times, mas as empresas de varejo contam com a aceitação da compensação se isso significar preço melhor. O gerente de marketing da Safeway foi bem sincero na entrevista ao NY Times: “se as informações estiverem certas, a personificação será um desejo do consumidor não um medo
O projeto é antigo. Em 2005, ideia semelhante testada por outra rede revelou irritação do consumidor com a diferença de preço. As redes de varejo repetem que agora os consumidores aceitam trocar privacidade por desconto porque foram treinadas para isso pelos sites de compras como o Amazon.
Alguns consumidores ouvidos pelo jornal têm outra opinião: a crise econômica impulsionou as pessoas a trocar privacidade por alguns centavos de descontos. Quando a crise passar, essa situação deve se alterar. As redes de varejo não concordam com essa previsão.