Consumo tem muito a ver com crise. Crédito também.

Será que chegou a vez do consumidor? O governo federal criou, em maio, a Secretaria Nacional do Consumidor, dentro do Ministério da Justiça. Em pouco tempo, a nova secretaria definiu o seu alvo prioritário: o que atrapalha a evolução do crédito no Brasil?
Os economistas do governo estão convencidos que a “ferramenta” do crédito é o maior incentivo ao consumo. E consumo quer dizer expansão do mercado interno. Essa decisão de fazer o mercado interno crescer tem razão bem clara: essa expansão será a melhor forma de defesa do Brasil quanto ao possível agravamento da crise econômica internacional, especialmente no próximo ano.
A questão do crédito, obviamente, alcança os bancos. A nova secretaria quer saber o quanto efetivamente se cobra “na ponta” do consumidor de crédito. Em outras palavras, o sistema bancário terá de explicar, principalmente, o custo das tarifas cobradas dos clientes.
Os técnicos do governo estão voltados para a taxa de cobrança de abertura de crédito, embutida em todas as operações e que na maioria das vezes o cliente sequer é informado sobre o quê e quanto está pagando. O Banco Central preparou planilhas para a nova Secretaria mostrando que essas taxas de abertura podem chegar até a R$ 5 mil reais nas operações de financiamento imobiliário. Os relatos das reclamações dos clientes mostram que não é incomum cobrança de até R$ 1 mil na abertura de crédito para compra de veículo.
O governo sabe que cabe ao consumidor defender-se das altas taxas cobrando os preços. O mercado é livre. Mas, os técnicos insistem que o consumidor precisa ser informado. Quando ele sabe que paga esta ou aquela quantia “ele pode comparar” asseguram esses técnicos.
Pressionado pela crise externa, observando o potencial de expansão do mercado interno, o governo decidiu cuidar do consumo de outro modo. Vale lembrar que bancos e cartões de crédito estão entre os cinco setores com mais reclamações nos Procons , como mostrou a edição do Estadão de hoje na página B1. Os cartões têm 13% das queixas, e os bancos, 9,3%. O campeão absoluto das reclamações é a telefonia celular com 18,6% das queixas dos consumidores.

Comentários estão desabilitados para essa publicação