A política comercial brasileira ganhou um adversário de peso: Os Estados Unidos. O governo do presidente Barack Obama elevou o tom e fez duras críticas às barreiras criadas pela presidente Dilma Rousseff nas últimas semanas. A acusação é de que a política comercial de proteção de alguns produtos é “inconsistente com os compromissos assumidos pelo Brasil”. A expressão indica que a Casa Branca pretende iniciar um questionamento da posição brasileira na Organização Mundial do Comércio.
O embaixador norteamericano para a OMC, Michael Punke, um dos principais negociadores americanos alertou para o complicado cenário econômico internacional dizendo que barreiras só agravam os problemas. A frase mais forte ficou por conta responsabilização do Brasil, partir das medidas protecionistas, como um “obstáculo para a reativação a Rodada Doha”.
Esse é o ponto mais complicado desse assunto: vincular uma atitude brasileira de proteção alfandegária, como elevar tarifas até o limite legal de 35% autorizado pela OMC, a um entrave à liberalização do comércio mundial é uma medida extrema e desnecessária porque essa liberalização foi tentada durante mais de dez anos e não foi conseguida, exatamente por negativa dos EUA.
A pressão americana não ocorre por acaso. O mercado brasileiro é muito atraente para as exportações dos EUA. O tom utilizado pela diplomacia comercial americana foi tão forte que o embaixador Punke não dispensou a lembrança de que os EUA fecharam acordo para liberalizar tarifas com México, Rússia e China e vários países latino-americanos com exclusão de Brasil e Argentina devido as “atitudes protecionistas “ desses países.
O embaixador brasileiro na OMC, Roberto Azevedo foi bem direto na sua resposta: “todas medidas adotadas pelo Brasil estão rigorosamente dentro das disciplinas multilaterais. Não violamos absolutamente nada”.
Essa briga será dura e está só no começo.